Revista Tecnicouro (maio/junho 2021) Ed. 324 - completa | Page 13

A AUTOMAÇÃO NA INDÚSTRIA CALÇADISTA :

O que já está concretizado e o que falta para o setor avançar ?

• Luís Vieira

Tendo entre os propósitos aumentar a autonomia dos processos e também reduzir o esforço humano com a utilização de máquinas , softwares e equipamentos , a automação industrial permite ainda diminuir custos de energia , tornar mais eficiente o uso de matérias-primas , otimizar etapas da produção , reduzir a geração de resíduos e melhorar as condições de segurança tanto para os trabalhadores quanto para o armazenamento e o fluxo de informações .

Embora existam empresas que operam totalmente automatizadas , hoje , o mais usual nas indústrias brasileiras do setor de transformação é aplicar este avanço tecnológico em um ou alguns processos . Segundo Edgar Garcia , diretor comercial da UiPath para a América Latina , organização líder global em automação de processos robóticos , as indústrias 100 % automatizadas se caracterizam pela substituição da mão de obra por robôs e pela inteligência artificial ( IA ) em cada processo , se diferenciando das empresas tradicionais pela abordagem proativa para a automação . “ A abordagem proativa é aquela que planeja a aplicação da automação no processo que faz mais sentido , ou seja , onde a tecnologia pode exercer o maior impacto , encontrando equilíbrio entre o que os robôs de software fazem e o que os humanos são liberados para se concentrar ”, explica .
Os benefícios dessa abordagem , segundo Edgar , perpassam pelo menos três grandes ganhos : maior desempenho , retorno sobre o investimento e competitividade . Para exemplificar , ele cita um relatório recente da multinacional francesa Capgemini , que está entre os maiores fornecedores mundiais de serviços de consultoria , tecnologia e terceirização , demonstrando que os 20 % das empresas com melhor desempenho em sua pesquisa sobre automação estão obtendo consideravelmente mais retornos de negócios do que os 20 % inferiores . Em outras palavras , o dinheiro investido em automação gera mais receita .
Já nos quesitos competitividade e desempenho , embora muitas organizações agora reconheçam o valor das tecnologias de automação individuais , empresas totalmente automatizadas estão colhendo benefícios ao combiná-las . De acordo com a Harvard Business Review , aquelas que já combinam a automação de processos robóticos com a inteligência artificial , por exemplo , tiveram um aumento médio de 9 % na receita , enquanto as empresas que não os combinaram registraram ganhos de apenas 3 %.
Os quatro pilares de uma empresa totalmente automatizada , segundo a UiPath
- Atribuição do trabalho burocrático ( tarefas repetitivas ) a robôs de software . Para se ter uma ideia , um estudo da empresa de consultoria empresarial americana McKinsey mostra que , só nos EUA , cerca de 2,6 trilhões de horas de trabalho por ano são automatizadas ; e trinta por cento das atividades em quase dois terços de todos os trabalhos são automatizáveis .
- Possibilidade de oferta de um robô para cada pessoa na empresa - no relatório da IDC Um robô para cada trabalhador , 71 % dos funcionários relatam se sentirem otimistas sobre como a automação afetaria seu trabalho diário . Além disso , 80 % dos tomadores de decisão que adotaram a automação ofereceram a seus funcionários as ferramentas para ajudá-los a automatizar seu trabalho - provavelmente alimentando esse otimismo .
- Democratização do desenvolvimento para que usuários avançados possam se tornar também desenvolvedores da automação , capazes de construir suas próprias ideias .
- Aplicação da IA a todas as facetas do trabalho , expandindo a pegada da automação em processos cognitivos . A IA adiciona automações cognitivas que exigem julgamentos que os robôs normais não podem fornecer . Os robôs usam modelos de aprendizado de máquina ou habilidades em tempo real para automatizar processos cada vez mais sofisticados , expandindo o universo da automação .
A Revista Tecnicouro buscou saber como de fato a automação é aplicada hoje no sistema coureiro-calçadista . Para isso , ouviu os presidentes de duas entidades setoriais : Abrameq , que representa fabricantes de máquinas e equipamentos , e Abicalçados , representante das indústrias de calçados , além de três empresas fabricantes de tecnologias para a produção e três marcas de calçados - uma feminina , uma infantil e uma de segurança e proteção . maio | junho • 13