Revista Tecnicouro - Edição 313: comepleta Ed. 316 - completa (Jan/Fev) – 2020 | Page 95

A Soft skills são consideradas o petróleo da próxima década s competências comportamentais e sociais são as características que definirão os profissionais de sucesso em curto prazo. Responsável pela oficina Soft Skills, o professor de pós-graduação da Instituição Evangélica de Novo Hamburgo (IENH), Fábio Catarino Serrano, apresen- tou detalhes sobre essas habilidades. Ele começou explicando a diferença entre soft e hard skills. “Soft é macio, leve, fle- xível. É aquilo que a gente tem e que não pode ser medido com certificação, prova ou coisas tangíveis, porque são habilida- des humanas. É o que vai fazer a diferen- ça. Já as hard são as nossas habilidades técnicas, mais fáceis de medir, pesar e controlar”, diferenciou. Ele fez uma provocação aos presentes ao informar que 2 bilhões de empregos vão deixar de existir até 2030. E 2 bilhões de pessoas vão migrar para outros empre- gos ou para um novo emprego que ainda será criado. Fábio destacou também, no início do painel, que outra mudança im- portante que ocorreu na sociedade é que as pessoas deixaram o patamar de apenas consumidores para também produtores de informação. “Isso era inimaginável há cerca de 20 anos. A tecnologia foi se po- pularizando, barateando e mais pessoas foram tendo acesso a computadores e celulares. Junto, veio a popularização da internet”, apontou. Ele também destacou a força que as redes sociais assumiram atualmente. Automação Segundo o painelista, 51% das tarefas podem ser automatizadas em algum nível hoje em dia. Mas menos de 5% delas poderiam ser totalmente substituídas por máquinas. Isso quer dizer, explica Fábio, que o número de empregos não diminuiu com a automatização, mas provoca uma mudança na forma como as atividades são desenvolvidas. “Os bots, diminutivo de robôs, estão por todos os lugares. Apps realizarão tarefas que demandam intera- ção, porque entendem contextos e estão agindo como humanos agiriam. A Ama- zon usa 30 mil robôs nos seus depósitos globais para substituir o trabalho humano em lugares insalubres, e isso proporciona uma economia de 2,5 bilhões de dólares. Mas todo bot é pensado e desenvolvido por engenheiros e outras pessoas que estudaram para isso”, exemplificou, ao explicar que o trabalho humano não é descartado, mas otimizado para proces- sos mais complexos. Ele também trouxe o exemplo da machine learning. Usando dados e informações de pacientes, a má- quina, que processa tudo muito rápido, é capaz de emitir diagnósticos como câncer ou detectar probabilidade de uma pessoa ter ou não um ataque cardíaco. “A má- quina não aprende sozinha, há médicos, pesquisadores e estudiosos que ensinam ela a pensar”, reiterou. Embora todas as mudanças que já estão acontecendo e que ainda estão por vir no mercado de trabalho, ele questiona como as empresas estão pensando as pessoas. E enfatiza que alguns empregos serão irrelevantes, mas que a bagagem que a pessoa tem não deveria ser descar- tada, mas reaproveitada de outra forma, inclusive melhor. Fábio explicou que as soft skills são, atualmente, a principal causa de contra- tação ou demissão das empresas. E de de- sempate em uma entrevista de emprego. Há muitas pessoas tecnicamente perfeitas, segundo ele, mas sem condições de atuar em um ambiente de trabalho porque não têm soft skills. “ Quem vai fazer diferen- ça para o mundo serão as pessoas com soft skills. O robô não sabe fazer isso. O computador faz sempre a mesma coisa. Não tem criatividade. Não é persuasivo, não tem a capacidade de se comunicar, de trazer argumentos”, salientou o painelista. Outra característica importante do profissional do futuro é saber gerir seu tempo. “Há uma série de formas de se fazer isso, como organizar melhor a rotina de trabalho para realizar mais coisas em menos tempo. As pessoas estão se distraindo mais com coisas que no passado não existiam, como o celular. A inteligência emocional, a comunicação não violenta e a capacidade de reagir a acontecimentos inesperados também são levados em conta”, disse. janeiro | fevereiro • 95