Revista Tecnicouro - Ed. 314: completa Ed. 314 - completa | Page 15

A Neurociência se trata de um campo de pes- quisa interdisciplinar de extrema complexi- dade que analisa de forma mais ampla e completa o funcionamento do sistema nervoso em diversos âmbitos, abrangendo desde a sua formação e a es- trutura, passando pelo funcionamento e desenvol- vimento das atividades mentais, e culmina com as conexões do cérebro com o nosso comportamento, procurando compreender como as nossas vivên- cias e aprendizados impactam no nosso desenvol- vimento e na nossa maneira de ser. Embora a Neurociências seja ainda recente - o termo passou a ser conhecido a partir de 1970 -, os estudos do cérebro já aconteciam no Egito An- tigo com as chamadas trepanações (perfuração no crânio para a realização de procedimentos como drenagens ou inserções). Por volta de 500 a.C, ain- da na Antiguidade, porém na Grécia, o fi lósofo Al- cmeon de Crotona descobriu as funções sensitivas do cérebro. Ao estudar a prática da trepanação, Hipócrates (460 aC. - 377 a.C.), considerado o pai da Medicina Moderna, instituiu a primeira teoria mais profunda sobre o funcionamento do cérebro humano e de cada uma das partes que o compõem. A seguir, os romanos se destacam pelos estudos do cérebro a partir da dissecação de animais. Os métodos evoluíram e já no século 18, com o Iluminismo, os estudos sobre o sistema nervoso fi caram mais completos e se conheceu a teoria de Charles Darwin (1809-1882) sobre a evolução das espécies, que foi determinante para a compreen- são da estrutura e do funcionamento do nosso cé- rebro. Ainda no mesmo período, o médico anatomista alemão, Franz Joseph Gall (1758 – 1828), foi pionei- ro na afi rmação de que se podiam constatar a per- sonalidade, o caráter ou o grau de criminalidade de uma pessoa pela forma da cabeça, lendo caroços ou protuberâncias (pensamento que fundamenta a Frenologia, cosiderada uma pseudociência). Já no fi nal do século 19, começaram a surgir os primeiros mapas mais minuciosos da função cere- bral humana e os testes em pacientes que sofriam de doenças como a epilepsia, através dos quais era possível determinar as partes do cérebro respon- sáveis pelos movimentos e pelas sensações. Com o surgimento do raio X (1895), da ressonância mag- nética (1946) e da tomografi a computadorizada (1971), as pesquisas passaram a ser bem menos in- vasivas aos pacientes. A tecnologia avançou ainda mais possibilitando a criação do conceito de Neu- rociência Cibernética (termo conhecido a partir de 1985), com o desenvolvimento de equipamentos que simulam o funcionamento do nosso sistema nervoso. A S CINCO ÁREAS DAS N EUROCIÊNCIAS - Neuroanatomia busca compreender toda a estrutura do sistema nervoso - Neurociência Cognitiva foca na capacidade intelectual do indivíduo (aprendizado, memória e raciocínio) - Neurociência Comportamental estabelece a ligação entre as emoções e pensamentos da pessoa com a forma dela falar, gesticular e se postar - Neurofi siologia estuda as funções ligadas às várias áreas do sistema nervoso - Neuropsicologia se ocupa da interação entre as ações dos nervos e as funções ligadas à área psíquica setembro | outubro • 15