A
Neurociência se trata de um campo de pes-
quisa interdisciplinar de extrema complexi-
dade que analisa de forma mais ampla e completa
o funcionamento do sistema nervoso em diversos
âmbitos, abrangendo desde a sua formação e a es-
trutura, passando pelo funcionamento e desenvol-
vimento das atividades mentais, e culmina com as
conexões do cérebro com o nosso comportamento,
procurando compreender como as nossas vivên-
cias e aprendizados impactam no nosso desenvol-
vimento e na nossa maneira de ser.
Embora a Neurociências seja ainda recente - o
termo passou a ser conhecido a partir de 1970 -,
os estudos do cérebro já aconteciam no Egito An-
tigo com as chamadas trepanações (perfuração no
crânio para a realização de procedimentos como
drenagens ou inserções). Por volta de 500 a.C, ain-
da na Antiguidade, porém na Grécia, o fi lósofo Al-
cmeon de Crotona descobriu as funções sensitivas
do cérebro.
Ao estudar a prática da trepanação, Hipócrates
(460 aC. - 377 a.C.), considerado o pai da Medicina
Moderna, instituiu a primeira teoria mais profunda
sobre o funcionamento do cérebro humano e de
cada uma das partes que o compõem. A seguir, os
romanos se destacam pelos estudos do cérebro a
partir da dissecação de animais.
Os métodos evoluíram e já no século 18, com
o Iluminismo, os estudos sobre o sistema nervoso
fi caram mais completos e se conheceu a teoria de
Charles Darwin (1809-1882) sobre a evolução das
espécies, que foi determinante para a compreen-
são da estrutura e do funcionamento do nosso cé-
rebro.
Ainda no mesmo período, o médico anatomista
alemão, Franz Joseph Gall (1758 – 1828), foi pionei-
ro na afi rmação de que se podiam constatar a per-
sonalidade, o caráter ou o grau de criminalidade de
uma pessoa pela forma da cabeça, lendo caroços
ou protuberâncias (pensamento que fundamenta a
Frenologia, cosiderada uma pseudociência).
Já no fi nal do século 19, começaram a surgir os
primeiros mapas mais minuciosos da função cere-
bral humana e os testes em pacientes que sofriam
de doenças como a epilepsia, através dos quais era
possível determinar as partes do cérebro respon-
sáveis pelos movimentos e pelas sensações. Com o
surgimento do raio X (1895), da ressonância mag-
nética (1946) e da tomografi a computadorizada
(1971), as pesquisas passaram a ser bem menos in-
vasivas aos pacientes. A tecnologia avançou ainda
mais possibilitando a criação do conceito de Neu-
rociência Cibernética (termo conhecido a partir de
1985), com o desenvolvimento de equipamentos
que simulam o funcionamento do nosso sistema
nervoso.
A S CINCO ÁREAS
DAS N EUROCIÊNCIAS
- Neuroanatomia busca
compreender toda a estrutura do
sistema nervoso
- Neurociência Cognitiva foca
na capacidade intelectual do
indivíduo (aprendizado, memória
e raciocínio)
- Neurociência Comportamental
estabelece a ligação entre as
emoções e pensamentos da
pessoa com a forma dela falar,
gesticular e se postar
- Neurofi siologia estuda as
funções ligadas às várias áreas do
sistema nervoso
- Neuropsicologia se ocupa da
interação entre as ações dos
nervos e as funções ligadas à área
psíquica
setembro | outubro •
15