Revista Tecnicouro - Ed. 314: completa Ed. 314 - completa | Page 16

Dr. Milton Zaro, pesquisador do IBTeC A lém de ajudar no processo de autoconhecimento e no alcance de sucesso - especialmente nas questões comportamentais e cog- nitivas, buscando entender como os pensamentos e as emoções interferem no comportamento, a Neurociência procura selecionar quais condutas po- dem ser úteis ou não para a conquista dos objetivos - seja para uma empresa ou profi ssional. O Neuromarketing, por exemplo, é um campo de pesquisa recente que se baseia em diferentes saberes, como Antropologia, Biolo- gia, Psicologia e, claro, Neurociência, para estudar com mais profundidade o comportamento do consumidor e entender, por exemplo, o que o impulsiona a comprar. Levando em consideração, inclusive, técnicas bio- métricas para saber como o cérebro se comporta em diferentes situações, esses conhecimentos são usados para a elaboração de campanhas publici- tárias que possam gerar mais impacto nos consumidores e, consequentemen- te, melhorar os resultados comerciais para as organizações. O pesquisador do Laboratório de Biomecânica do IBTeC, prof. Dr. Milton Zaro, tem tratado desse assunto em encontros realizados com o público interno do instituto. Durante o treina- mento mais recente, que aconteceu no dia 7 de agosto, ele explicou que o objetivo do Neuromarketing é criar um As escolhas na hora da compra são racionais? ambiente onde os consumidores pos- sam se envolver profundamente com as marcas em um nível multisensorial, e isso é possível através da realização de estudos para entender como, em nível neurológico, o consumidor toma as decisões de compra e como o seu cérebro reage aos estímulos recebidos, para, então, adequar as formas de abordagem a serem adotadas nas dife- rentes mídias em busca do aumento da taxa de conversão. Três cérebros em um Ele falou sobre a teoria do Cérebro Trino, que foi desenvol- vida nos anos 1970 pelo neurocientista Paul MacLean, na qual argumenta que o cérebro dos humanos está dividido em três unidades funcionais distintas (Reptiliano, Sistema Límbico e Ne- ocórtex) e cada uma delas representa um estágio evolutivo do sistema nervoso. - Cérebro Reptiliano - primeiro nível de organização cere- bral - é capaz apenas de promover refl exos simples, o que ocorre também em répteis, por isso o nome reptiliano, é intuitivo e trata da garantia da sobrevivência, além de ser responsável pela regu- lação das funções e sensações primárias como fome, sede, sono, entre outras. - Cérebro Límbico - segundo nível funcional do sistema ner- voso - é o responsável pelo comportamento emocional dos indi- víduos. - Cérebro Neocórtex é o que diferencia o homem/prima- ta dos demais animais, possi- bilitando o de- senvolvimento do pensamento abstrato e da Neocórtex capacidade de Sistema Límbico gerar invenções. 16 • setembro | outubro Reptiliano Entendendo o funcionamento dos sistemas cerebrais, os profi ssionais que atuam na área do Marketing podem criar es- tratégias para a divulgação de produtos, serviços e marcas in- fl uenciando áreas específi cas do cérebro, para criar sensações positivas ou ainda utilizar técnicas de persuasão mais efi cazes e com isso aumentar a percepção de valor do que está sendo oferecido. Segundo ele, técnicas de Neuromarketing são utilizadas pe- las organizações desde a hora em que se iniciam as pesquisas para o desenvolvimento de um produto até a sua colocação no mercado, analisando, por exemplo, como o consumidor reage em relação a uma determinada cor ou formato para a embalagem, a textura ou o cheiro de um produto, entre várias outras questões, e isso tudo serve para a empresa aprimorar a sua forma de anun- ciar ao mercado o que tem a oferecer. “Por isso, se pode dizer que o ato da compra raramente tem a ver com a razão, mas as nossas escolhas geralmente são baseadas na emoção”, enfatiza. Várias pesquisas são realizadas com o uso de tecnologias avançadas para mapear o cérebro humano em tempo real, na busca sobre o que realmente se sente durante a realização da compra de diferentes produtos, ou seja, quais as áreas do cérebro são ativadas a partir de estímulos visuais, sonoros, auditivos ou táticos, provocando alterações nos batimentos cardíacos, arre- pios da pele etc. “Diante de tantos esforços para atrair a atenção do consumidor, os negócios já não são mais fundamentados ape- nas levando em conta as necessidades do indivíduo, mas sim o comportamento humano”, conclui o pesquisador.