Revista Sesvesp Ed. 98 - Setembro / Dezembro 2010 | Page 37

ARTIGO Shopping Center e a sua segurança É Clodomir Ramos Marcondes Diretor do Grupo Tejofran Mestre e Doutor em Segurança Pública “Da mesma forma que o munícipe de uma cidade tem a “sensação da segurança” com a simples presença da polícia, o usuário do Shopping, uma “cidade” a parte, tem o mesmo sentimento com a presença de seguranças uniformizados” interessante nos lembrarmos que os Shopping Centers, da forma como os percebemos hoje em dia, - uma estrutura que contém lojas, praças de alimentação, centros de diversões e outras tantos serviços, com amplos estacionamentos - é muito recente em nossa história. O primeiro Shopping Center moderno surgiu nos Estados Unidos em 1828, no Estado de Rhode Island. Logo depois, na Itália, o “Galleria Vittorio Emanuele II” foi construído, isto na década de de 1860. No Brasil existe a disputa pelo pioneirismo desse empreendimento entre o Shopping do Méier, no Rio de Janeiro, e o Shopping Iguatemi, em São Paulo, ambos inaugurados, totalmente ou em parte, na década de sessenta. Valquíria Padilha, mestre em sociologia e doutora em ciências sociais, em seu livro “Shopping Center- A catedral das mercadorias”, nos dá uma visão sociológica do shopping center. Segundo ela, os Shopping Center, além da oferta de mercadorias e serviços, exercem um fascínio sobre seus freqüentadores. Não se vai lá apenas para fazer compras. Ir ao Shopping pode ser apenas um passeio, uma diversão ou um ponto de encontro. É o lugar ideal. Fácil (às vezes nem tanto...) de estacionar, encontra-se quase tudo que se queira num único lugar e, nestes tempos, o que mais atrai, é fazer tudo isso com segurança. Recentes acontecimentos colocaram em dúvida esta premissa. O Shopping deixou de ser seguro? Esta pergunta não pode ser respondida com um simples sim ou não.Vamos a algumas considerações. O fenômeno ocorrido recentemente foi o da migração para o Shopping dos assaltos a bancos, a carros fortes e a outros pontos com prováveis valores “armazenados”, como aconteceu, inclusive, com a Casa da Moeda. Para estas modalidades, anteriores à migração, exigia-se muito “investimento” (veículos, armamentos pesados e ferramentas especiais), planejamento e as chances de que tudo desse errado eram muito grandes. Por que a opção pelo Shopping como alternativa aos, digamos, assaltos convencionais? Primeiro porque é sabido qual será o produto do roubo (às vezes até está exposto em vitrines) e a possibilidade de negociar “a futuro” a mercadoria a ser roubada, ou seja, primeiro é feito o “acerto” com o receptador, reduzindo-se o tempo da posse do produto do roubo ou, ainda, é feito o roubo por encomenda (relógios, por exemplo). Segundo, até por exigência do órgão de trânsito municipal, o empreendedor, ao construir um Shopping, por ser um “Pólo Gerador de Tráfego”, é obrigado a fazer obras viárias que facilitem a fluidez do trânsito o que, também “asseguram” uma rota de fuga mais eficaz.Terceiro, o Shopping não está aparelhado em segurança, como está o banco, o carro-forte, etc. portanto, o assaltante entra e sai da mesma forma que os demais usuários. Ora, então como aumentar a segurança sem constranger o usuário? Como garantir que o local é seguro se existe a possibilidade real de assalto? Devemos entender que a gestão de um Shopping (auto-gestão ou terceirizada) tem a responsabilidade pelos serviços prestados aos usuários do Shopping e aos locatários dos diversos espaços ali existentes. É esta administração que “faz” a segurança, ativa ou passiva, de todo o estabelecimento. Caso ela opte em substituir a segurança feita nos moldes da Legislação Federal por outro tipo de profissional como “Fiscal de Piso”, “Orientador de Público”, ou coisa que o valha, a segurança começa a ficar comprometida. Digamos, porém, que ela trabalhe com profissionais de segurança regulamentados, como melhorar ainda mais a segurança? Talvez a resposta esteja na tecnologia. Partindo-se do