MATÉRIA DE CAPA
EMPRESAS DE ARMAS AVALIAM IMPACTO
DE DECRETO NO MERCADO
O impacto no mercado de
armas e munição provocado
pela mudança na legislação
brasileira foi um dos assuntos
mais discutidos na Laad Defe-
sa e Segurança, considerada a
maior feira de defesa e seguran-
ça da América Latina. O evento
reúniu as empresas mundiais
do segmento no Rio de Janeiro
até esta sexta-feira (5).
Em janeiro, o presidente Jair
Bolsonaro assinou decreto que
flexibilizou a posse de armas de
fogo. Para os principais repre-
sentantes da indústria nacional
– a privada Taurus e a estatal
Imbel -, a mudança pode refle-
tir em crescimento do setor.
Na avaliação do presidente da
Taurus, maior empresa arma-
mentista nacional, Salésio Nuhs, a
flexibilização contribui para desen-
volvimento de tecnologia.“Temos
que qualificar a nossa mão de obra
e reter esses talentos. No início do
ano, nós geramos mais 200 empre-
gos na nossa fábrica no sul. Hoje,
eu tenho 2.100 funcionários”, disse
Nuhs.
A Taurus tem uma única fábrica
em São Leopoldo, região metropo-
litana de Porto Alegre (RS), com
produção de 4 mil armas por dia.
Se for preciso aumentar a produ-
ção, o empresário diz que será ne-
cessário investir em um novo turno
com mais pessoal.
O executivo destacou que o aumen-
to da produção não será imediato,
deve ser gradual, lembrando que o
processo para conseguir a posse de
arma demora cerca de três meses e
é caro. concorrente. Posteriormente, em
2014, o controle da Taurus foi ad-
quirido pela CBC, maior fabricante
de munição do país.
“Eu não acredito que vai triplicar a
venda amanhã. Vai aumentar, vai
ser gradual”, afirmou. “O decre-
to [saiu] em janeiro. O processo
da compra de armas no Brasil é
extremamente sério, em termos de
exigências legais. Têm todas as de-
clarações e certidões que o cidadão
tem que tirar, o exame psicotécnico
e o curso de tiro”, acrescentou.
O lucro bruto da Taurus atingiu R$
307,6 milhões em 2018, mais de
três vezes superior a 2017. No ano
passado, a produção total de armas
da Taurus, somadas as fábricas do
Brasil e dos Estados Unidos, foi de
1,117 milhão. A Taurus comprou,
em 2008, a marca Rossi, tradicional
fabricante de armas, até então sua Com tamanho inferior em com-
paração à Taurus, a estatal Imbel
– Indústria de Material Bélico do
Brasil, ligada ao Ministério da De-
fesa, prevê crescimento de 20% de
produção de armas curtas de uso
civil, pistolas calibre 380, em 2019,
comparado a 2018. A estimativa é
do assessor de comunicação da em-
presa, Marcelo Muniz, que também
participa da feira.
“A demanda que está aumentando é
o calibre permitido, que o cidadão
pode fazer uso. Essa mudança é
bem característica, o cidadão quer
se proteger. Isto percebemos de
imediato”, disse Muniz.
Revista SESVESP
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