Revista Sesvesp Ed 145 | Page 17

MATÉRIA DE CAPA EMPRESAS DE ARMAS AVALIAM IMPACTO DE DECRETO NO MERCADO O impacto no mercado de armas e munição provocado pela mudança na legislação brasileira foi um dos assuntos mais discutidos na Laad Defe- sa e Segurança, considerada a maior feira de defesa e seguran- ça da América Latina. O evento reúniu as empresas mundiais do segmento no Rio de Janeiro até esta sexta-feira (5). Em janeiro, o presidente Jair Bolsonaro assinou decreto que flexibilizou a posse de armas de fogo. Para os principais repre- sentantes da indústria nacional – a privada Taurus e a estatal Imbel -, a mudança pode refle- tir em crescimento do setor. Na avaliação do presidente da Taurus, maior empresa arma- mentista nacional, Salésio Nuhs, a flexibilização contribui para desen- volvimento de tecnologia.“Temos que qualificar a nossa mão de obra e reter esses talentos. No início do ano, nós geramos mais 200 empre- gos na nossa fábrica no sul. Hoje, eu tenho 2.100 funcionários”, disse Nuhs. A Taurus tem uma única fábrica em São Leopoldo, região metropo- litana de Porto Alegre (RS), com produção de 4 mil armas por dia. Se for preciso aumentar a produ- ção, o empresário diz que será ne- cessário investir em um novo turno com mais pessoal. O executivo destacou que o aumen- to da produção não será imediato, deve ser gradual, lembrando que o processo para conseguir a posse de arma demora cerca de três meses e é caro. concorrente. Posteriormente, em 2014, o controle da Taurus foi ad- quirido pela CBC, maior fabricante de munição do país. “Eu não acredito que vai triplicar a venda amanhã. Vai aumentar, vai ser gradual”, afirmou. “O decre- to [saiu] em janeiro. O processo da compra de armas no Brasil é extremamente sério, em termos de exigências legais. Têm todas as de- clarações e certidões que o cidadão tem que tirar, o exame psicotécnico e o curso de tiro”, acrescentou. O lucro bruto da Taurus atingiu R$ 307,6 milhões em 2018, mais de três vezes superior a 2017. No ano passado, a produção total de armas da Taurus, somadas as fábricas do Brasil e dos Estados Unidos, foi de 1,117 milhão. A Taurus comprou, em 2008, a marca Rossi, tradicional fabricante de armas, até então sua Com tamanho inferior em com- paração à Taurus, a estatal Imbel – Indústria de Material Bélico do Brasil, ligada ao Ministério da De- fesa, prevê crescimento de 20% de produção de armas curtas de uso civil, pistolas calibre 380, em 2019, comparado a 2018. A estimativa é do assessor de comunicação da em- presa, Marcelo Muniz, que também participa da feira. “A demanda que está aumentando é o calibre permitido, que o cidadão pode fazer uso. Essa mudança é bem característica, o cidadão quer se proteger. Isto percebemos de imediato”, disse Muniz. Revista SESVESP 17