Revista Sesvesp Ed 144 | Page 14

DPVAT O número de indenizações pagas pelo DPVAT caiu 33,4% em 2016 em comparação com o ano ante- rior, quando foi deflagrada a ação da PF, que prendeu 39 suspeitos e transformou 41 pessoas em réus, entre os quais se destacam advo- gados, médicos, fisioterapeutas, além de investigadores, delegados e policiais militares. Além da in- vestigação, houve uma apuração do Tribunal de contas da União sobre o caso. No início de 2017, o TCU determinou a continuidade e o aprofundamento das audito- rias. O órgão quer identificar qual o motivo desses desvios não terem sido investigados antes. Também pretende descobrir quem mais está envolvido nas fraudes. A análise do caso, segundo a instituição, indica que ele poderia estar provocando o aumento dos preços do seguro. RESPONSABILIDADE DA SEGURADORA Chamou a atenção do TCU o mo- delo de negócio da Seguradora Líder, responsável pela adminis- tração do DPVAT desde 2008. Do total arrecadado com o seguro, a Líder recebe 2%. Ou seja, quando maior o montante, mais o pool de seguradoras lucra. A Líder, afirma que não há interferência dela na definição na fixação do valor do seguro. A indenização paga é de R$ 13.500 para morte e invalidez permanente e de até R$ 2.700 para reembolso de despesas médicas. O FNS (Fundo Nacional de Saú- de) recebe 45% do que é arrecado, valor que é transferido para o SUS (Sistema Único de Saúde), para o pagamento de despesas em hos- pitais públicos. O Denatran (De- 14 Revista SESVESP partamento Nacional de Trânsito) recebe outros 5%. O restante é re- servado para provisões de indeni- zações e gastos administrativos. As fraudes mais comuns apuradas pela Polícia Federal são relativas ao pedido de indenização para pes- soas que não têm direito a ela. Em outros casos, o pagamento do va- lor é acima do que deveria ser re- embolsado pelo seguro. Policiais, advogados e peritos costumam participar dos esquemas fraudu- lentos que, geralmente, também contam com a participação da “ví- tima” do suposto acidente. A PF apurou situações absurdas, como indenizações em casos de pessoas que se acidentaram em acidentes de bicicleta ou a cava- lo, que não estão cobertas pelo seguro. Há também indenizações pleiteadas por advogados que dão entrada nos pedidos sem o conhe- cimento das supostas vítimas para ficarem com o dinheiro. A PF prendeu um investigador da Polícia Civil acusado de cobrar R$ 100 por boletim de ocorrência frau- dulento. Ele chegou a registrar mais de 6.000 ocorrências de trânsito com vítimas. Atualmente, ele res- ponde ao processo em liberdade. CPI NA CÂMARA encerrando sem que fosse emitido sequer um parecer ou relatório so- bre os fatos apurados. O requerimento para abertura do procedimento foi de autoria da de- putada federal Raquel Muniz (PSD- -MG), que ficou nacionalmente co- nhecida ao citar seu marido e então prefeito de Montes Claros (MG), Ruy Muniz (PSB-MG), na votação do impeachment da então presiden- te Dilma Rousseff (PT). Ao votar a favor do afastamento de Dilma a deputada afirmou que o marido era um exemplo para o país -- ele viria a ser preso pela PF no dia seguinte sob suspeita de corrupção. LEIA A ÍNTEGRA DA ENTRE- VISTA EXCLUSIVA PARA A RE- VISTA SESVESP DO DELEGADO DA PF INVESTIGOU ESQUEMA DO SEGURO OBRIGATÓRIO Na sua avaliação, qual o princi- pal resultado da Operação Tem- po de Despertar, da PF e MP de Minas Gerais? R.: A operação Tempo de Despertar trouxe diversos resultados positivos à sociedade. Eu acredito que três fo- ram os principais: em primeiro lugar a descoberta de fraudes que aconte- ciam há anos sem qualquer repressão efetiva. Na sequência, a operação e a descoberta das fraudes também permitiram a redução do valor do prêmio do seguro DPVAT em pata- mares substanciais. Por fim, também reputamos como relevante a discus- são que surgiu e está candente sobre a questão da livre iniciativa. Penso que não há sentido a existência de monopólio sobre o assunto. A Câmara dos Deputados instau- rou uma CPI (Comissão Parla- mentar de Inquérito) do DPVAT, em 2016, após as revelações sur- gidas na Operação Tempo de Des- pertar. A autorização para instalar a comissão, do então presidente da Casa, ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi assinada um dia antes de ele ser afastado Quais envolvidos nas irregulari- da presidência. A CPI acabou se dades no DPVAT foram identifi-