Revista Sesvesp Ed 144 | Page 13

DPVAT REDUÇÃO DE CUSTO NA FROTA DA EMPRESA É MÉRITO DE UMA INVESTIGAÇÃO DA PF PREÇOS DO DPVAT CAEM APÓS DESCOBERTA DE FRAUDES NO SEGURO OBRIGATÓRIO POR ALBERTO RAMOS Os brasileiros que possuem au- tomóveis e os frotistas, como o empresariado da Segurança Pri- vada, começaram o ano de 2019 com uma boa surpresa que mexe diretamente com as finanças pes- soais ou ligadas à administração das empresas. O preço do seguro obrigatório, o DPVAT (Seguro de Danos Pessoais Causados por Ve- ículos Automotores de Via Terres- tre) foi reduzido, em média, em 63,3%%. A queda nos valores já vinha ocorrendo nos últimos anos. Foi de 35% em 2018 (exceto mo- tos) e de 37% em 2017. O mistério é o motivo dessa redu- ção nesses tempos, em que tudo fica mais caro. Circula na internet informações de que a redução se deve ao desbaratamento de qua- drilhas que saqueavam os recur- sos gigantescos resultantes dessa arrecadação, mas a Líder, pool de corretoras responsável pela co- brança tem outra versão: afirma que a mudança ocorreu porque ela própria melhorou a gestão desses valores e enfrentou a corrupção. Segundo informação da Líder, a versão de que os valores caíram após o desbaratamento de quadri- lhas que fraudavam o seguro é in- verídica e está sendo disseminada por meio de uma corrente que cir- cula na internet. Uma das fontes dessa informação é o blog Auto- papo, sob comando do veterano jornalista Boris Feldman. “Não foi ela (Líder) que combateu fraude nenhuma”, argumenta Feld- man. “A fraude que ela combate é a fraude no varejo, que envolve mé- dicos, policiais, etc., que forjavam acidentes para receber dois mil reais, três mil reais. A fraude no atacado era provocada pela própria Líder. Foi o que apuraram o pro- motor Paulo Márcio da Silva e o delegado da PF e Marcelo Freitas”, completou o jornalista, que publi- cou diversas matérias sobre o caso no blog e também é autor de vídeos que circulam nas redes sociais. Para o delegado Marcelo Freitas, que atualmente exerce mandato de deputado federal pelo PSL de Minas Gerais, a ‘Operação Tem- po de Despertar’, está diretamente ligada à redução dos valores do DPVAT. Segundo ele, a operação se desdobrou em várias fases, mas ainda não se encerrou. “Acredito que muita coisa ainda pode aconte- cer” disse. Responsável pela apura- ção, Freitas frisa que o caso chegou a motivar uma Comissão Parlamentar de Inquérito na Câmara dos Deputa- dos, que não teria chegado a nenhum resultado por conta da pressão da própria Líder. TEMPO DE DESPERTAR O DPVAT foi objeto da opera- ção da Polícia Federal, iniciada em 2015. A apuração começou a partir de Montes Claros (MG), comandada pelo delegado da Polí- cia Federal Marcelo Freitas e pelo Dep. Fed. Marcelo Freitas promotor estadual Paulo Márcio da Silva, sob o nome Tempo de Despertar. Os investigadores des- cobriram um enorme esquema de desvio de dinheiro. Elas ocorriam das mais diversas formas, com a participação de policiais, médicos e despachantes, que registravam acidentes falsos para conseguir a indenização, entre outros expe- dientes escusos. Os desvios causados no DPVAT por conta das fraudes acarretaram pre- juízo de pelo menos R$ 2,1 bilhões entre 2005 a 2015. Neste período de dez anos, foram pagos cerca de R$ 1,7 bilhão em indenizações fraudu- lentas, além de outros R$ 440 mi- lhões de prejuízo relativos a gastos administrativos irregulares da Se- guradora Líder, um consórcio de 77 seguradoras responsáveis pela arre- cadação e gestão do DPVAT. Revista SESVESP 13