Revista Sesvesp Ed. 131 | Page 28

NOTÍCIAS ABREVIS

A CRISE ECONÔMICA E A SUA NOVA FORMA DE SE TRATAR CONTRATANTES E CONTRATADOS

REDUZIR CUSTOS E MANTER UM BOM RELACIONAMENTO ENTRE AS PARTES SE TORNOU UM GRANDE DESAFIO

Tempos atrás havia uma relação aberta e direta entre as empresas contratadas e as contratantes . Os interessados de ambos os lados eram contemplados de forma que os resultados fossem satisfatórios , fazendo com que os benefícios e vínculos perdurassem . No entanto , o quadro atual mostra outro cenário , com outros fatores determinando a ordem de relação entre as partes .

As crises e a globalização apresentaram novas formas de relacionamento , que foram moldadas ao longo dos anos . Empresas contratas necessitam se adequar aos padrões que passaram a regular a manutenção dos contratos . Já os grandes contratantes adotaram novas formas de administrar setores terceirizados , utilizando-se de expedientes os quais o segmento terá que se adaptar , ainda que discorde da prática .
Além das exigências já existentes , muitas salutares , pois exigem lisura tributária e de atendimento às regras da CLT , agora
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José Jacobson Neto , presidente da ABREVIS temos que conviver com uma nova sigla : BID . Curiosamente essas três letras não compõe uma sigla , mas sim significam o verbo to bade , bid , bidden e de forma usual “ bid ” para todos os tempos verbais . Significa no original em inglês : oferecer , convidar e usualmente trata-se de um convite para apresentar lances ou propostas .
Atualmente se tornou natural o fato de uma contratante , que tem seus serviços requisitados e recebe atendimento adequado de sua contraparte , fazer pressão sobre a contratada no sentido de reduzir custos . Agora , eles têm como sua nova arma o BID .
Na busca pela redução de custos , solicitam às empresas que reanalisem seus contratos para que se encaixem dentro da nova realidade econômica e financeira , além de exigir redução dos valores ou a não aplicação de eventuais repasses de convenções coletivas que incidam sobre os trabalhadores terceirizados contratados . Trata-se de uma posição que coloca em risco o relacionamento entre as partes e atinge diretamente a parte contratada . Sabemos que os custos de manutenção das empresas são compostos por itens que demandam muitos estudos para serem auferidos .
O balanceamento financeiro dos contratos obedece a regras severas de manutenção e lógica . Logo , nenhuma empresa sobrevive se possuir preços fora da média do mercado , seja para mais ou para menos . Os gastos variam de uma empresa para outra quando se trata de custos fixos , e muitos fatores entram nesta conta : viaturas , sedes operacionais , comunicação , administração de retaguarda , combustíveis , uniformes , etc .
Assim , quando um contratante exige uma redução na fatura ou a absorção de repasses devidos , essa matemática gera ao contratado necessidade de reajustes administrativos para a readequação do contrato . Caso a empresa contratada não atinja a meta preconizada pelo contratante , este simplesmente cientifica que irá ‘ lançar um BID no mercado ’ para buscar novos valores . Uma prática nova e desleal . Se o contrato está dentro das condições financeiras estabelecidas e os serviços estão sendo prestados a contento , por que razão espremer os valores a ponto de torna-lo inviável para uma das partes ? Como resolver isso ?
O mundo corporativo descobriu e assimilou a prática conhecida como BID para resolver suas finanças internas . Os contratantes praticamente obrigam seus contratados a reduzirem seus preços não se importando com as consequências que irão gerar aos seus parceiros .
Somos totalmente favoráveis às atualizações de custos contratuais e a adequação dos valores às necessidades de cada cliente , porém essas medidas devem ser adotadas conjuntamente , respeitando-se as possibilidades de cada um dos envolvidos .
O indigitado BID não pode e não deve ser usado como forma de pressão . Se o prestador cobra valores adequados e presta seus serviços a contento , tem que merecer o respeito do contratante . ■
Victor Saeta de Aguiar , vice-presidente da ABREVIS