Revista Samba Acadêmico Especial Resenha de Batuqueiros 400 É Pouco | Page 36

Ala de Compositores

Do subúrbio carioca e de família de origem humilde, Leci sempre ajudou a família a compor sua renda. Primeiro trabalhando junto com a mãe, que era servente de escola pública. Depois, como operária de fábrica e em outras ocupações. Em casa, ouvia na vitrolinha antiga os discos de seu pai. Sempre gostou de ler, aproveitava o jornal comprado pelo seu pai e mantinha sua leitura diária. Desde o início seus versos falavam do cotidiano, da vida, das injustiças. Uma amiga de escola lhe apresenta a estudantes e a fazer sua primeira apresentação no Teatro Opinião. Desde então ela não parou mais. Em 1972 quando Zé Branco – tesoureiro da Ala dos Compositores da Mangueira, lhe apresenta aos bambas da verde e rosa do Rio de Janeiro, Leci teve que passar por um teste para ser admitida na ala. Compôs muitos sambas de quadra e deu o seu recado, passando então a ser a primeira mulher a integrar a Ala dos Compositores da Mangueira.

LECI

GUERREIRA

BRANDÃO

Nasci em Madureira, cresci em Vila Isabel.

Da mesma forma, quem teve oportunidade de assistir ao programa “Ensaio”, dirigido por Fernando Faro, em 1974, onde o grande Cartola é entrevistado ao lado da jovem Leci e não conhece sua trajetória, ficaria surpreso com a segurança e propriedade da compositora e intérprete. A combatividade, o compromisso e o talento são os ingredientes destes sambas que fazem tanto sucesso por esse Brasil e pelo mundo afora. A cantora já se apresentava no Teatro Opinião e a filha de Donga, Ligia Santos, apresenta a sambista a Sérgio Cabral, que a convida para gravar um LP pela Discos Marcus Pereira, onde grava um compacto simples e, no ano seguinte, seu primeiro LP que é muito elogiado pelos críticos e pelo público em geral. Pereira era publicitário e frequentador do bar Jogral, de São Paulo. Passou a atuar em processos a favor da democracia e da liberdade. Demarcações de terras indígenas, movimento negro, sem terra, em defesa da mulher, campanha contra a fome, e assim por diante.

Carlos J Fernandes Neto

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