Revista Samba Acadêmico Especial Resenha de Batuqueiros 400 É Pouco | Page 35

Desde criança, Geraldo sempre acompanhado do amigo Zeca da Casa Verde, se diziam primos de consideração, frequentava as rodas de samba e jogo de pernadas – Tiririca, no Largo da Banana que eram proibidas e geralmente terminavam com a chegada da policia. Os instrumentos eram improvisados nas palmas de mão, as latas de lixo e caixas de engraxar sapatos.

Cresceu frequentando o Reduto do samba paulista na cidade de Bom Jesus de Pirapora. Nas festas do padroeiro da cidade, a discriminação afastava os negros da festa religiosa, e depois dos festejos do Bom Jesus, os negros eram segregados nos dois barracões afastados da Igreja, onde festejavam e onde acontecia o samba de bumbo e outras culturas da população negra do sudeste.

Para pagar uma promessa, sua mãe o levou para a festa de Bom Jesus vestido de anjo, mas o organizador do festejo o proibiu de andar na procissão por ser negro. Revoltada sua mãe jogou as asas fora e o levou para os barracões. Mais tarde este fato deu origem ao samba “Batuque de Pirapora” Nos carnavais paulistas improvisados e sem a interferência do estado, os negros eram responsáveis pela parte musical, os italianos pela alimentação e eram sustentados pelo próprio gosto da população. Nas escolas de samba teve passagem pela Unidos da Peruche. Ingressou na Vai Vai para poder participar da disputa de Samba Enredo em homenagem ao seu amigo Solano Trindade. Para ingressar na ala dos compositores compôs o Samba “Tradição”, transformado em hino da agremiação. Também é de sua autoria “Silêncio no Bexiga” que homenageia Pato N’água diretor de bateria da Vai Vai, morto pelo esquadrão da morte na cidade de Suzano. Seu samba em homenagem a Solano Trindade foi escolhido e na Avenida a Escola foi campeã do Carnaval.

Para pesquisar sobre Tebas na Cúria Católica disse que era universitário e que estava pesquisando a cultura religiosa. Autorizado, de forma escondida passou a pesquisar sobre Tebas, negro alforriado prático na alvenaria e na parte hidráulica. Tebas foi o responsável pela construção das Torres da Catedral da Sé, também responsável pela construção de esgotos e de um chafariz todos no centro da cidade, até hoje não são reconhecidos pelas autoridades. Esta pesquisa deu origem ao samba enredo “Tebas, o Escravo” da Vai Vai.

Referência da Cultura Negra Paulistana em Batuque de Pirapora e Tradições e Festas de Pirapora estão os elementos do jongo, vissungos e batuques, no entanto grande parte de sua obra ainda é desconhecida. Seu Disco “Geraldo Filme” demorou 23 anos para ser lançado e foi gravado em 1980. Isto é um pouco de Geraldo Filme de Souza morto em 05 de janeiro de 1995.

COMPOSITOR

CANTOR

“Referência da Cultura Negra Paulistana. Em Batuque de Pirapora e Tradições e em Festas de Pirapora estão os elementos do jongo, vissungos e batuques”

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