REVISTA PODIUM Revista Podium edição 12 - Mai 2017 | Page 35

FIGURA 1: Mateus Daniel aterrissa no triplo do Troféu Brasil Caixa 2016 e seu número deixa marca na areia meiras colocações, atletas que são seus companheiros de treinamento. No entanto, e se fosse uma medalha de Campeonato Mundial ou um índice olímpico que esca- passem de qualquer um deles, por um capricho do re- gulamento? Como sempre ocorre em competi ções desse nível, a fi nal do salto em distância no Campeonato Mundial de 2015 foi também muito disputada. Na últi ma tentati va, o atleta Gao Xinglong, da China, parecia ter saltado acima de 8,20m, mas o resultado ofi cial mostrou apenas 8,02m (https://www.iaaf.org/news/report/beijing-2015-men- -long-jump-fi nal). Também em seu caso, revendo o vídeo da prova, nota-se que foi uma marca deixada por seu nú- mero, que se desprendeu da camiseta durante o salto, que lhe ti rou a possibilidade de subir ao pódio. Nesse caso, o prejuízo foi muito maior! Uti lizar número nas costas é obrigatório, e a “tecnolo- gia” disponibilizada aos atletas para fi xá-lo à camiseta é a mesma de 100 anos atrás: alfi netes! Nos saltos horizontais, uma das maneiras de fazer a aterrissagem, buscando a me- lhor efi ciência possível no momento da queda, é deslizan- do dentro da marca deixada pelos pés, como faz Mateus. Ser obrigado a colocar pequenos objetos ponti agudos nas costas para deslizar sobre eles já é bastante questi onável sob o ponto de vista da segurança. Pelo que temos visto repeti das vezes em muitas competi ções, esse também não é um sistema confi ável para cumprir a função de manter o número preso ao uniforme. Considerando esses fatos, não parece sensato manter tal exigência. Vale notar que o mesmo regulamento já abre duas exceções: saltadores de altura e de vara podem escolher onde colocar o único número exigido, no peito ou nas cos- tas. Por quê atletas dos saltos horizontais conti nuam pre- cisando usar dois? (*) Nelio Alfano Moura é mestre em Performance Humana pela UNIMEP. Treinador dos campeões olímpicos no salto em distância em Pequim 2008 Maurren Higa Maggi (Brasil) e Irving Saladino (Panamá). Orienta atualmente Emiliano Lasa (Uruguai), que, fi nalista no Rio 2016, conquistou o primeiro diploma olímpico do Atleti smo de seu país. Treinador do EC Pinheiros e do Centro de Excelência Esporti va (SELJ-SP). (**) Tania Fernandes de Paula Moura é treinadora de saltos horizontais do Centro Nacional de Treinamento de Atleti smo (CNTA),da CBAt, em Bragança Paulista (SP). Treinadora de atletas brasileiros medalhistas em Mundiais Sub-18 e Sub-20, e nos Jogos Olímpicos da Juventude. 35