REPORTAGEM GM ]
20 ANOS DE
SAUDADE
DA REDAÇÃO
maior erro de cálculo da vida
de Ayrton Senna não foi
cometido a bordo de nenhum dos
carros de Fórmula 1 que ele pilotou
nos 161 grandes prêmios que disputou. Ayrton não estava nem na direção quando aconteceu. O carro era
um sedã Monza de fabricação brasileira, pertencente a Galvão Bueno,
que era também quem estava na
direção, tendo ao lado o pai de
Senna, Milton da Silva. Ayrton estava no banco traseiro esquerdo. Ao
seu lado, Sérgio Rodrigues, correspondente do Jornal do Brasil."
Este trecho abre o sexto capítulo
da biografia de Senna, "Ayrton, o
herói revelado", escrita por Ernesto
Rodrigues. O erro a que Rodrigues
se refere foi a declaração do piloto,
em 1988, de que estava afastado da
atenção da mídia por querer deixar
espaço para que o tricampeão mundial, Nelson Piquet, pudesse aparecer. Apesar de dizer que se tratava
de uma brincadeira, o comentário
foi publicado e causou um grande
mal estar entre os pilotos. Enquanto
crescia a rivalidade com Piquet e
com o francês Alain Prost, começaram a surgir boatos sobre a sexualidade de Senna, que já fora casado,
namorou Xuxa e, depois, Adriane
Galisteu.
O episódio prejudicou a impecável imagem pública de Senna – ele
era, afinal, apenas humano e tam-
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MAIO D E 2 0 1 4
DUAS DÉCADAS DEPOIS DE
SUA TRÁGICA MORTE, O
PILOTO AYRTON SENNA DA
SILVA AINDA PROVOCA
ADMIRAÇÃO E CURIOSIDADE
DE FÃS DA FÓRMULA 1
bém brigava com os rivais fora das
pistas. Mas sua reputação de fenômeno ao volante nunca foi posta em
questão. Por dez anos, os brasileiros
acompanharam as corridas da
Fórmula 1, nas madrugadas, manhãs e tardes de domingo, fizesse
chuva ou sol, para ver Ayrton Senna
ousar nas pistas. Não havia erro de
cálculo ali. No dia primeiro de maio
de 1994, porém, Senna sofreu um
acidente fatal, aos 34 anos, no
Grande Prêmio de San Marino, em
Imola, na Itália. Bateu a 300 km/h
contra o muro da curva Tamburello
com sua Williams FW 14.
Ele liderava a prova e tinha
Michael Schumacher, da Benetton,
logo atrás. O alemão assumiu o
trono da Fórmula 1 desde então.
Será que Schumacher ainda estaria
em segundo plano se o brasileiro
tivesse sobrevivido? Esta é uma possibilidade que podemos apenas imaginar. Mas há quem diga que o circo
da F1 teria proporcionado disputas
muito mais emocionantes e confrontos mais iguais nos anos seguintes
se Senna estivesse nas pistas.
O que fazia Senna brilhar e se
Ayrton Senna: a morte do tricampeão
de Fórmula 1 e ídolo do Brasil, em
1º de maio de 1994, deixou um vazio
até hoje não preenchido
destacar dos demais pilotos era sua
ousadia. "Ele andava sempre no
limite e cometeu muitos erros no
começo de sua carreira. Quando
conseguiu ter controle e desenvolver mais suas habilidades, continuou a dar o máximo e foi tricampeão do mundo", conta Wilson
Fittipaldi Jr., irmão do bicampeão
Emerson Fittipaldi e ex-piloto de
Fórmula 1. "É difícil imaginar como
seria o automobilismo hoje se ele
estivesse vivo", acrescenta Wilsinho.
O repórter da Rede Globo B