Por que a economia não parou com o H1N1 como agora com o Coronavírus?
Como tudo hoje é jogado em meio a um debate político, muitas pessoas comparam o Coronavírus com o H1N1, afinal, muitos dos países tinham grupos políticos diferentes no poder em 2009 comparado com atualmente. Com isso, os apoiadores dos líderes atuais, especialmente ao do Brasil se perguntam o porquê de parar tudo agora e não terem defendido o mesmo pouco mais de 10 anos atrás.
Em abril de 2009 surgiu o H1N1, do vírus influenza, que havia aparecido na Gripe Espanhola, em 1918, mas desta vez com um subtipo inédito. Ele foi identificado primeiramente no México e nos Estados Unidos e após quatro meses alcançou mais de 120 países. Assim como o Coronavírus, ele também era transmitido pela tosse e espirros.
Só que a primeira grande diferença está na capacidade de transmissão. Isso porque segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que a capacidade de transmissão com H1N1 era de 1,2 a 1,6. Ou seja, se tivessem 10 pessoas infectadas este número subiria para entre 12 e 16. Já o Coronavírus a taxa é de 2,79, porém, alguns estudos chegam a apontar 3. Desta forma, com 10 pessoas infectadas este número sobe para entre 27 a 30, praticamente o dobro da H1N1. Este volume tão rápido que sobrecarrega os hospitais, fazendo com que os sistemas de saúde pelo Mundo entrem em colapso, como está ocorrendo na Itália e na Espanha, por exemplo. Isso porque o Coronavírus exige 65 vezes mais hospitalizações.
Acontece que pior ainda que o ritmo de contaminação está a letalidade. Novamente de acordo com a OMS, a taxa do Coronavírus está entre 3,4%. No entanto, algumas entidades consideram que este número pode estar elevado devido a falta de testes em toda a população. Ainda assim, a estimativa é que a taxa esteja entre 0,5 a 1%, o que significa que em cada 10.000 pessoas com Coronavírus morrem pelo menos 50. Já o do H1N1 foi de 0,02%, ou seja, para cada 10.000 pessoas infectadas, duas morriam.
Desta forma, simplificando, o Coronavírus tem uma capacidade de transmissão duas vezes maior que o H1N1 e mata 25 vezes mais.
Levando para números gerais. Em 16 meses de pandemia de H1N1 ocorreram 493 mil casos e 18,6 mil mortes. O do Coronavírus já passou de 1 milhão de casos e 50 mil mortes e a contagem ainda está em crescimento acelerado e não chegamos sequer a seis meses. E só lembrando que este número só ainda não está maior porque praticamente todos os países afetados estão em quarentena há algumas semanas.
Outro ponto importante é que nenhuma pessoa tem imunidade contra o Sars-Cov-2. Ao contrário do H1N1, que afetava menos idosos.
Para completar, as perspectivas por vacina para a pandemia de 2009 eram muito mais otimistas, porque já havia uma vacina contra o vírus influenza. Era então uma questão de adaptar para o novo subtipo, o que levou cerca de 7 meses, enquanto a do Coronavírus conta com mais de 20 versões em desenvolvimento, porém, precisarão de muitos mais testes para garantir que funcionem e também buscar formas de produzir em larga quantidade e com isso a previsão é de que só fique pronta cerca de 1 ano e meio após o começo do surto.
Além disso é um erro dizer que nada foi feito. Obviamente não ocorreu paralisações nas proporções que estávamos vendo agora, mas exatamente pelo o que disse antes, o ritmo de contaminação era muito menor, porém, ainda assim, atitudes semelhantes a atual foram tomadas principalmente em algumas regiões do México e dos Estados Unidos, as que foram mais atingidas. Até mesmo no Brasil a volta às aulas de julho de 2009 também chegaram a ser adiadas.
Estes são os pontos principais da diferença, porém, o mais importante é entender que não é porque ambos são vírus, porque ambos são pandemias, que deveremos esperar que sejam tratados de forma igual. Cada vírus, cada pandemia tem sua particularidade e, portanto, cabe aos especialistas apontar qual a melhor forma de que isso se espalhe.
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