Revista Outro Lado da História | Page 5

O risco da aglomeração

Um caso que chama a atenção é que em 28 de setembro de 1918 foi organizado um evento na Filadélfia, nos Estados Unidos, com o objetivo de arrecadar fundos para as tropas americanas que lutavam na I Guerra Mundial.

O evento ocorreu mesmo com especialistas de saúde recomendando evitar aglomerações de pessoas para retardar o avanço da doença, o que foi ignorado pelas autoridades do Estado da Pensilvânia.

Cerca de 200 mil pessoas foram as ruas e em menos de uma semana depois a cidade já registrava 4.500 mortes. O número no local chegou a 12 mil no total. Nos Estados Unidos inteiro foram cerca de 675 mil.

A Gripe Espanhola no Brasil

O vírus chegou ao Brasil também em setembro, através de um navio vindo da Europa e que desembarcou passageiros infectados no Recife, Salvador e no Rio de Janeiro. Em menos de um mês já existiam casos em todo o país, deixando todos os hospitais lotados. Até mesmo o Presidente eleito Rodrigues Alves foi infectado e não só não escondeu os exames como alguns fazem, como também acabou morrendo em janeiro do ano seguinte. Todas as classes econômicas acabaram atingidas, criando um cenário devastador e que não vou me aprofundar, mas que quem tiver interesse vale a pena ver a dimensão que isso tomou e como ficaram as ruas e as cidades em meio a tudo isso.

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Assim como hoje, na ocasião também decidiram fechar as escolas, comércio, teatros e cinemas, além de proibir aglomerações para evitar que o contágio aumentasse muito mais, porém, na época as condições de comunicação, de higiene e até hospitalares eram muito piores que as atuais. Além disso, a decisão de isolamento demorou, pois na época também subestimaram as notícias da gripe espanhola no exterior.

Somente na cidade de Rio de Janeiro foram mais de 10 mil mortos, com algumas publicações trazendo números próximo a 15 mil. Chama a atenção, principalmente, porque isso representava cerca de 15% da população da cidade. Além disso cerca de 600 mil pessoas chegaram a serem infectadas. Em todo o Brasil, estima-se que foram 35 mil mortes.

Entre as medidas para amenizar os efeitos da crise gerada pela pandemia, o Presidente interino Delfim Moreira baixa um decreto que nenhum aluno repetiria de ano em 1918. O deputado Celso Bayma fez um decreto ampliando em 15 dias o prazo para pagamento das dívidas que venciam no período da epidemia. A medida era exatamente evitar que comerciantes falissem por não conseguir honrar os compromissos devido ao período em que ficassem fechados.

Na época também foram noticiados diversos remédios como responsáveis pela cura, mas nenhum deles foi realmente eficaz. A receita mais curiosa foi a de limão, alho e mel com um pouco de álcool, o que acabou originando a Capirinha, segundo o Instituto Brasileiro de Cachaça.

A gripe espanhola acabou desaparecendo ainda no final de 2018, ocorrendo poucos contágios em dezembro, ou seja, quase três meses após o seu inicio.

Não dá para fazer qualquer tipo de comparação em relação a como ficou a economia mundial após a Gripe Espanhola, pois além da pandemia, ocorreu também até aquele ano a Primeira Guerra Mundial e que também trouxe graves consequências para o mundo todo.

Evidente que o Mundo está totalmente diferente, que o vírus é outro e que as condições médicas e cientificas são bem melhores, porém, não dá para embarcarmos nos mesmos erros do passado.