Revista Outro Lado da História | Page 14

Nos anos seguintes foram aparecendo muitas outras, trazendo números expressivos. Na década de 1970, por exemplo, tivemos 11.545 casos de poliomielite, a paralisia infantil, e que graças a vacinação ela desapareceu por completo em 1989. A coqueluche em 1991 tinha incidência de 10,6 por 100 mil habitantes e depois despencou para 0,32 de 1991 para 1999. Os casos de difteria caíram de 495 para 56 no mesmo período. Já a de meningite era, 1.700 casos por ano em 1999 e caiu para 23. Resultados importantes e que salvaram a vida de muitas crianças. Na década de 80, a morte por doenças mais comuns para crianças de até cinco anos era sarampo, poliomielite, rubéola, síndrome da rubéola congênita, meningite, tétano, que girava em torno 5.500 óbitos por ano em média. Hoje são de apenas 50.

É uma relação direta entre o aumento da cobertura e a redução das taxas de mortalidade infantil, especialmente no grupo das crianças menores de 1 ano. Entre 1997 e 2015, ela caiu de 31,9 por 1.000 nascidos vivos para 13,8, de acordo com o IBGE. Além disso, em 1930, as doenças infeciosas e parasitárias representavam 45,7% dos óbitos do Brasil. Em 2010, o índice caiu para 4,3%, de acordo com o Ministério da Saúde.

Atualmente, o Brasil é um dos países que oferece o maior número de vacinas à população, disponibilizando mais de 300 milhões de doses anuais, com 26 vacinas, protegendo contra Poliomielite, Tétano, Coqueluche, Meningite, Sarampo, Rubéola, Caxumba, Febre Amarela, Difteria, Hepatite, Influenza, HPV e contra a forma mais grave de tuberculose.

Grupos Anti-vacina

Ainda assim existem muitas pessoas que são contra as vacinas. Ao longo da história já foram muitas teorias, desde a questões religiosas a até crenças que eram formas de exterminar a população. Só que nos últimos anos isso foi muito influenciada por uma tese publicada na Revista Lancet, em 1998 associando a Tríplice viral ao autismo. Alguns anos depois, descobriu-se que o médico autor do artigo recebia pagamento de advogados em processos por compensação de danos vacinais. Ou seja, ele levantava uma teoria que poderia ser usada no tribunal contra as empresas e órgãos responsáveis pela aplicação.

Ao longo desta descoberta, diversas pesquisas e estudos foram feitos para provar que não existia qualquer ligação das vacinas com o autismo e o artigo foi até excluído, mas o estrago já estava feito, pois resultou em uma queda de vacinação e resultado no ressurgimento de algumas doenças que já eram tratadas como erradicadas, como o Sarampo, que teve aumento de casos nos Estados Unidos, Europa e Brasil. Somente aqui foram 10 mil casos em 2018.

Outra crítica feita é que a obrigatoriedade ataca as liberdades individuais. No entanto, trata-se de leis. Imagina você escolher não pagar mais impostos porque fere suas liberdades individuais. Isso porque quando você decide que o seu filho não seja vacinado, não é só ele que estará exposto, como também crianças ao redor que podem não ter alcançado a idade certa para a vacinação.

No Brasil, uma pesquisa do Ministério da Saúde em 2014 apontou que a média de vacinação era de 81,4%, porém, entre os mais ricos era de 76,3%. O fato do número da parcela da renda mais alta ser inferior, mesmo tendo mais acesso e recursos, mostra que é exatamente a parcela mais contra a vacinação.

E quem fala contra a vacina não tem ideia do processo burocrático que existe para a aprovação de uma. São diversas exigências regulatórias para garantir a segurança e eficácia. O fabricante tem que fazer aproximadamente 500 testes de controle de qualidade, em um processo que costuma levar em média cerca de 10 anos. Atualmente os órgãos apontam que elas em alguns casos causam apenas febres, dores e vômitos.