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REVOLTA DA VACINA
A revolta da Vacina ocorreu de 10 a 16 de novembro de 1904, no Rio de Janeiro, que era a capital do país naquela época , graças a medida de Oswaldo Cruz para erradicar a Varíola, que é uma doença infecto-contagiosa considerada uma das mais cruéis e catastróficas já existentes, matando mais de 300 milhões de pessoas pelo Mundo. Mais do que a gripe espanhola, a tuberculose e até mesmo as duas Guerras Mundiais.
O vírus era transmitido através das vias respiratórias, causando febre alta, dor de cabeça, nas costas e abatimento. Em seguida, surgiam erupções vermelhas pelo corpo, que depois causavam coceira e dor. Não existia tratamento e a sobrevivência dependia da forma de varíola que a pessoa adquiria. A mais grave tinha 30% de letalidade, enquanto a menor, 1%.
No Brasil, Oswaldo Cruz foi escolhido pelo Presidente Rodrigues Alves para ser chefe da Diretoria de Saúde Pública em março de 1903 tendo como missão acabar com as doenças que dominavam a cidade e que inclusive afastavam investimentos, pois os estrangeiros tinham medo de vir ao Brasil.
O sanitarista então propôs que o governo criasse uma Lei que obrigasse a vacinação em todo o país. Além de dar poderes às autoridades sanitárias para entrar nas casas das pessoas, também seriam criadas multas para quem se negasse e a exigência da vacinação para matrícula nas escolas entre outras coisas. Isso gerou uma grande insatisfação nas pessoas, que acusaram a proposta de ferir a liberdade a individual. A manifestação também ocorria por má informação. Estamos falando de um período em que não existia sequer rádio e que a taxa de analfabetismo era alta, chegando a 65%.
Só que além disso, do mesmo jeito que existe teoria da conspiração hoje do surgimento de uma doença para determinado país ter vantagem econômica, no passado, parte da população também tinha medo que isso pudesse ser uma estratégia para exterminar a população mais pobre. E eles até tinham porquê ter medo, afinal, quando Rodrigues Alves chega ao poder ele tinha como plano modernizar o porto e remodelar a cidade. A alegação era principalmente devido as condições sanitárias da região, que pela forma desregularizada que a cidade cresceu, convivia com muitas doenças por causa desta situação, fazendo inclusive com que o Rio de Janeiro ficasse conhecida como a “Cidade Pestilenta”.
Tinha um pouco disso, mas tinha também um pouco da vontade dos governantes de afastarem dali a população mais pobre, principalmente de ex-escravos que se instalaram na região. Com isso foram alargadas as ruas, derrubando barracos e construindo avenidas, como a Avenida Rio Branco.
E para completar, existia também uma ala militar e uma ala monarquista, que também desejavam retornar ao poder e que se aproveitaram da situação também para inflamar a população.
O fato é que por estes três motivos, o povo então se rebelou e ocorreram quebras de bondes, depredação de edifícios e até ataques aos agentes de saúde, responsáveis pela aplicação da vacina.
O governo então reagiu com mais violência, decretou estado de sítio, suspendeu direitos constitucionais. A revolta acabou controlada, porém, foram 30 mortos durante a rebelião e mais 110 feridos. Além disso 1000 pessoas foram detidas e 460 deportadas.
Ainda assim, o governo decidiu revogar a obrigatoriedade da vacina, mas manteve válida a exigência do atestado de vacinação para trabalho, viagem, matrícula em escolas públicas e hospedagem em hotéis. E teve como saldo positivo o fato do Rio de Janeiro ter conseguido erradicar a varíola. De 3.500 mortes na cidade em 1904, este número caiu para nove dois anos depois.