Num belo dia nosso próprio gerente nos indicou para fazermos um teste para programadores no Estadão. Ora, se meu próprio chefe estava procurando emprego para mim, eu teria que fazer o mesmo. Um grande divisor de águas no início do estágio foi a escolha da linguagem de programação: COBOL ou Easytrieve Plus. Optei pela segunda, por não conhecer. Meu colega optou por COBOL, por já conhecer. Isso me levou a iniciar uma carreira relativamente nova no mercado como auditor de sistemas, no Banco Itaú. A linguagem era voltada para auditoria e, por isso, o meu primeiro trabalho foi desenvolver um curso para os colegas do Banco. Lá estava eu um pouquinho mais acima na pirâmide da carreira profissional.
No Banco tive um outro momento muito especial na carreira. Ouvia por todos os lados o tema Reengenharia e Qualidade Total. Aquilo me desafio a buscar mais conhecimentos a respeito. Tomei a iniciativa de fazer um curso no SEBRAE, por minha conta. Lembrem-se de não dependerem de que mexam no seu treinamento também. Isto é a base para que não mexam na sua carreira. Tenha uma visão clara do que busca e faça acontecer.
Um ou dois anos depois do curso, no dia em que pedi demissão, pois no dia seguinte dobraria de salário em uma nova empresa, fui convidado a participar de um treinamento. Adivinhem qual era? Reengenharia e Qualidade Total. Fiquei feliz pelo Diretor mencionar que eu já havia compartilhado tal conhecimento com os colegas e que agradecia por isso. Para mim foi como receber uma Estatueta do Oscar. Estava claro por que eu havia pedido demissão. Não esperava as coisas acontecerem.
Já com duas semanas no novo emprego, algo excepcional me aconteceu. Vi um anúncio em inglês para uma vaga de auditor de sistemas, responsável por América Latina, com reporte direto a um diretor em Chicago. Aquilo me deixou sem fala por todo o final de semana. Já na noite de domingo, resolvi compartilhar com a minha esposa. Ela prontamente me incentivou a responder ao anúncio. Eu lhe disse: nem sei se o meu nível de inglês é fluente, uma das exigências e eu nem sei fazer curriculum em inglês. Completei dizendo que no próprio jornal havia um anúncio de profissionais que faziam curriculum em inglês. Então, minha esposa disse: “Você já tem tudo de que precisa”. Na verdade, me faltou uma pontinha de coragem e ela me deu de sobra.
Outra exigência para a vaga era conhecer redes de computadores. Confesso que isso eu não conhecia. Mas sabia bem auditoria de mainframes. E então o universo conspirou a favor. Numa dessas feiras de informática em que se vendem livros antigos, bem baratos, achei um: Como auditar Rede Novell. Era o elo que faltava. O processo de seleção levou 2 meses até a contratação. Nesse tempo passei a estudar sobre redes todos os dias.
Chegada a data da entrevista estava com uma mistura de sentimentos de ansiedade, nervosismo e insegurança. Afinal não sabia o quanto sabia de inglês e redes, bem, não iria mentir. Levei um livro enorme sobre auditoria que nem cabia na maleta. Encurtando a história, soube ali que o meu inglês já era fluente. E tudo que era perguntado e que eu não sabia, eu mostrava no livro. Soube, um ano depois, em uma reunião em Miami, que a minha atitude e sinceridade foi o que mais contou.
REVISTA LIDER COACH | Maio | 19