Revista LiteraLivre Revista LiteraLivre 9ª edição | Page 23

LiteraLivre nº 9 – Maio/Jun de 2018 o esquartejamento. O machado de ferro para romper os ossos e a faca limada para manter o fino fio da navalha. A cabeça decepada se junta aos miúdos do corpo jogados em um canto. Os olhos continuam esbugalhados, observando suas próprias partes separadas da matéria, da vida. O ar impregnado do cheiro nauseabundo de sangue. A faca afiada corta e recorta o boi em pedaços. Em poucos minutos o corpo morto é apenas fragmentos que serão expostos e vendido no próprio mercado e nas bancas da feira. Ali a compra é feita por peças; cada um da assistência já tem seu pedaço escolhido. Atando-o à ponta de um arame numa espécie de gancho, ou até mesmo numa carriola quando saem a carregar seu naco de carne pelas ruas da cidade, destino à mistura do almoço, do banquete, da festa sobre o cadáver cozido do boi morto. Chega hóspede amigo, serve-te!... O boi já não chora mais. 18