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LiteraLivre nº 5
- Setembro de 2017
entender que na dor nada se ensina, na vontade de estar sempre certo é
que se veste o erro. Tinha pena de falsas intenções; sempre fui
desconfiada. Eu via as intenções mais que ações e era por isso que em
alguns momentos uma cacetada bem visível me doía menos que uma
vírgula disfarçada posicionada em lugar estratégia, como objeto-palavra-
indireta, feito manipulo-sua-ação.
Depois de um pouco crescer, eu entendi que não era na culpa, nem
na pena; era na anulação de todos os sentimentos que o amor existia.
Passei a não me colocar uma culpa inventada, passei a não dar-me
desculpas, passei a não ter pena porque a pena me colocava a cima e eu
não era acima nem abaixo; eu só queria ser o equilíbrio de não ser nada.
Eu amava apesar de; eu entendia e deixava que a vida continuasse, eu
guardava em mim uma esperança de que a vida tivesse sempre a lição
certa a ensinar. Eu não me sentia tão sabia quanto a vida, eu era sua
aprendiz de amor. Eu só era uma pequena observadora dos anseios
alheios de dar sempre nome e sentido a tudo que se passa debaixo do
céu. Eu não tinha sentido, em muitos momentos eu não via nem fazia
sentido algum. Eu só ocupava um lugar que era meu por direito e que
com o tempo aprendi a dar-me o direito. Queria ter o privilégio de um
dia poder transformar toda e pequena magoa em palavra escrita. A
palavra escrita é acima, é maior e mais próxima de uma perfeição
amorosa
do
que
a
palavra
falada.
A
palavra
escrita
é
minha
compreensão da palavra, é minha testemunha fiel; ela vai além da fala
porque é o entendimento de um sentimento e não só sua expulsão corpo
a fora. É a palavra refletida no espelho da maturidade, reflexo de minhas
tentativas de ocupar o lugar do outro. O lugar do outro é difícil, ele
nunca é o mesmo espaço, ele é ou maior ou menor que o meu; às vezes
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