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LiteraLivre nº 5
- Setembro de 2017
Entre
Tatiana Angèle de Carvalho
Bordeaux - France
Nas coisas que eu tinha a obviedade de viver... de um dia vir a
viver, existia uma distância. Entre mim e as coisas obvias guardadas
para minha continuidade, nessa distância, que a vida não tinha
intervindo para que existisse, mas que eu sentia que era proposital, eu
encontrava um amor apreendido; uma lição das mais difíceis, como as
de matemática que não me faziam sentido, daquele quociente que
conseguimos chegar com precisão ovalar, mas sem captar a lógica. Um
amor delicado moldado no
suor das minhas
compreensões. Um
amorzinho - no diminutivo não por ser pequeno - mas por ser menos
natural; menos perfeito que um amor sem a distanciação da observação.
Era um amorzinho observado, um amor passo a passo, difícil de chegar,
de encostar. Eu amava... Mas não abraçava; desse amor sem elogios que
eu falo. Não tinha cheiro de amor, não tinha mudança de pulsação. Era
meu amor que eu aprendia a suportar em cada solidão, em cada pessoa
que dizia-ser amor, mas fingia-se. Era não só a aceitação de situações e
pessoas; era amar as pessoas em cada situação, mesmo omitindo o que
delas vinha de encontro.
Quando me machucavam, eu inventava mil desculpas na minha
cabeça para justificar a ação dirigida a mim, e assim continuar a poder
amar. Colocava-me nas costas a culpa para que com a culpa eu me
sentisse na obrigação de continuar a compreender e a amar acima de
tudo. Depois da culpa vinha a pena... muita pena do outro, que me feria
na ânsia de acertar, de me ensinar, de educar, e mal podia com sua visão
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