Revista LiteraLivre Revista LiteraLivre 5ª edição | Page 48

LiteraLivre nº 5 - Setembro de 2017 arredondado quando sou pontiaguda, às vezes comprido demais quando sou achatada como sou. Nunca é o mesmo formato. Não é que doa o processo de caber, mas ele me condensa em mim, me tira as rebarbas de superioridade, me comprime no menor tamanho que eu possa ser sem deixar de ser eu mesma, e assim no menor tamanho, pequena no máximo é que consigo caber em todo e qualquer formato; é nessa minha insistência de adequação; nesse esforço de entrar, de encaixar, sobrar ou cortar, que encontro meu amor livre; o mais livre que posso ser; encontro a libertação de amar apesar de... apesar de tudo que penso, de tudo que sinto, de tudo que vi e ouvi; apesar de tudo que foi feito. Apesar das agonias é sentir-me sem medos; apesar da raiva é não ter magoas; apesar dos pensamentos é não ter definições; apesar do amor é saber amar. É amar-me ao mesmo tempo e do mesmo jeito que amo o outro; ainda que sem concordar-nos. É comportar no amor... uma verdade. E não há nada mais verdadeiro em mim que ser o outro durante um tempo que não me atrapalhe a continuar sendo eu mesma. E quando volto a mim sou eu mesma, um pouco melhor porque o lugar do outro ainda existe dentro de mim, continua vivo dentro das minhas memórias de amor. 43