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LiteraLivre nº 5
- Setembro de 2017
arredondado quando sou pontiaguda, às vezes comprido demais quando
sou achatada como sou. Nunca é o mesmo formato. Não é que doa o
processo de caber, mas ele me condensa em mim, me tira as rebarbas
de superioridade, me comprime no menor tamanho que eu possa ser
sem deixar de ser eu mesma, e assim no menor tamanho, pequena no
máximo é que consigo caber em todo e qualquer formato; é nessa minha
insistência de adequação; nesse esforço de entrar, de encaixar, sobrar ou
cortar, que encontro meu amor livre; o mais livre que posso ser;
encontro a libertação de amar apesar de... apesar de tudo que penso, de
tudo que sinto, de tudo que vi e ouvi; apesar de tudo que foi feito.
Apesar das agonias é sentir-me sem medos; apesar da raiva é não ter
magoas; apesar dos pensamentos é não ter definições; apesar do amor
é saber amar. É amar-me ao mesmo tempo e do mesmo jeito que amo o
outro; ainda que sem concordar-nos. É comportar no amor... uma
verdade. E não há nada mais verdadeiro em mim que ser o outro
durante um tempo que não me atrapalhe a continuar sendo eu mesma.
E quando volto a mim sou eu mesma, um pouco melhor porque o lugar
do outro ainda existe dentro de mim, continua vivo dentro das minhas
memórias de amor.
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