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LiteraLivre nº 5
- Setembro de 2017
Qual a razão de escrever?
Gilmar Duarte Rocha
Brasília/DF
Poucos autores tiveram em
vida
reconhecimento
do
valor
inconteste de sua obra literária, e
muito poucos ainda alcançaram esse
galardão e lograram algum tipo de
êxito financeiro.
No
primeiro
enunciado,
podemos citar alguns nomes de
homens/mulheres que viveram de
letras, produziram em média ou
larga escala, lograram valorização,
mas não dispuseram de expressivo
retorno pecuniário em vida. No
plano internacional podemos citar os
exemplos
de
Robert
Louis
Stevenson, Walt Whitman, Ralf
Waldo Emerson, Albert Camus,
Miguel
Ángel
Astúrias,
Ilya
Erenburgh, Júlio Cortázar, Alberto
Moravia, Gertrude Stein e Ezra
Pound. No plano nacional, por
limitação natural de mercado de
leitores,
esse
romaneio
é
proporcionalmente mais extenso,
onde
pode-se
listar
Graciliano
Ramos, Olavo Bilac, Oswald de
Andrade, Mário de Andrade, Manuel
Bandeira,
Clarice
Lispector,
Guimarães Rosa, José Lins do Rego,
João Cabral de Melo Neto e o melhor
de todos, Machado de Assis, que,
embora tivesse vivenciado a glória e
colhido em vida os louros da sua
genialidade, não amealhou tostão
suficiente para ser vizinho dos
111
contemporâneos afortunados – se
fosse essa a sua vontade -, que
residiam em palacetes e solares no
Botafogo, no Leme, na Urca, no
Catete, ou ter proventos suficientes
para investir em debêntures de
empresas que emergiram a todo
vapor após a política de expansão
de mercado de capitais do governo
Deodoro da Fonseca, sob a batuta
do então ministro da fazenda Ruy
Barbosa. Viveu como pode, viveu
bem e faleceu realizado em sua
modesta residência do bairro do
Cosme Velho.
No segundo enunciado, os dos
literatos
que
obtiveram
êxito
crítico, editorial, mercadológico e
financeiro com o coração ainda
batendo no fundo do peito e os
pulmões filtrando ar a pleno vapor,
começaria o elenco internacional
por Sir Walter Scott, Alexandre
Dumas, Charles Dickens, Victor
Hugo, Júlio Verne, Mark Twain,
Hemingway, John Steinbeck, André
Gidé, Pirandello, Graham Greene,
Faulkner, García Márquez, Vargas
Llosa e terminaria pelo mais bem-
sucedido
de
todos:
William
Shakespeare, na minha modesta
opinião. Como tudo na vida do
bardo inglês é envolvido de lendas
e
mistérios,
consta-se
que
amealhou fortuna considerável,
tendo sido dono de companhia de