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LiteraLivre nº 5
- Setembro de 2017
O que penso, e os outros?
Paulo Luís Ferreira
São Bernardo do Campo/SP
Os pensadores deixam seu legado a quem interessar possa. A
gente examina e assimila, ou rejeita. Faz tempo que abandonei o hábito
de avaliar as coisas e separá-las em dois arquivos, as certas e as
erradas, porque entendi (aqui na minha maneira de ver), que isso não
existe. Sei que existe para a maior parte das pessoas, e respeito, mas
isso foi desprogramado do meu sistema, acho que por desuso. Hoje
assimilo o que me falta para continuar construindo meu caminho, e
apago o que não me serve. Provocar é induzir ao erro. Ao erro de
responder, de debater e argumentar, tentar infiltrar uma idéia na cabeça
de alguém, querendo que esse alguém veja as coisas como você vê. Isso
é uma bobagem. Você diz o que pensa e quem toma conhecimento das
suas avaliações, afina-se com elas ou não, compartilha com você ou não,
acompanha sua trilha ou não. Ninguém convence ninguém de nada.
Quem têm convicções de suas ideias, não as debate, nem tem
necessidade de defendê-las. A busca pelo debate é um impulso causado
pela incerteza, pela necessidade de afirmação de algo a cerca do que
não se tem muita convicção, é um impulso movido pela inquietação da
dúvida. Exceção ao debate socrático. Este é o único debate que tem
como base a dúvida consciente, a certeza de que nada se sabe, e o
desejo de elaborar junto com o grupo escolhido algumas conjeturas.
Essas
conjeturas
são
apresentadas
quase
como
um
pedido
de
“convença-me do contrário”, desconstrua minha ideia, “apresente-me
seu ponto de vista...” Porque é o ponto de vista do outro que me falta
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