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LiteraLivre nº 5
- Setembro de 2017
Nada podia moderar o vento frio que atingia a planície rochosa do
"deserto dos desertos". Dezesseis anos antes, uma árvore quase
petrificada, indicando o caminho às caravanas ao longo de séculos, como
um farol no mar vasto, fora deitada abaixo por um motorista de
caminhão, que talvez "não tinha visto". Então, em seu lugar, havia uma
espécie de cabide gigante de metal, paródia sombria e sarcástica da
árvore do passado.
Por fim, a uma distância incalculável, eu vi a mancha escura da
palmeira, refletida pelas camadas de ar quente e transformada em
miragem. Cheguei exausto ao pequeno oásis, relaxei meu passo e fiquei
sobrecarregado pela nuvem de poeira que eu mesmo tinha levantado.
Corri para a poça da água, mas a achei seca, só um pouco de terra
escura revelando a presença de umidade no solo. A decepção foi
enorme, mas felizmente tinha comigo o equipamento necessário para
cavar. Descansei por um momento na sombra da palmeira, e dei a minha
contribuição para a preservação do pequeno poço. Cavando a terra em
torno dele, cheguei a um metro de profundidade, antes de a água
começar a juntar no fundo, gota a gota: cerca de meio litro de água
suja, mas quase boa para se beber. Com um pouco de paciência, eu era
capaz de aumentar as reservas, saciar minha sede e renovar - ao
mesmo tempo - a vitalidade do ponto de água.
O vento tinha deixado cair algumas "mãos" de tâmaras. Assim são
chamadas as inflorescências da palmeira e cada pequeno fruto é
chamado de "dedo". Deglet nur, "dedos de luz", é o nome para aquelas
mais brilhantes e cheias de açúcar, as melhores como comida para o
homem. Aproveitei esse dom da natureza e comi umas tâmaras.
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