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LiteraLivre Edição Especial nº 03 - 2019
— Ele vai ficar bem? — Ela perguntou.
— Não posso garantir, o estado dele é grave. Ele é muito pequeno.
Mexeram tanto em mim que não conseguia mais chorar. Eu me sentia
fraco. E no final eles foram embora. Me deixaram sozinho lá.
Eu achava que nunca mais os veria, até que no dia seguinte lá estavam. Eu
não conseguia levantar para falar com eles. Mas isso não pareceu ofendê-los. Ela
veio e sentou bem perto de mim, colocou a mão na minha cabeça e fez carinho.
— Como ele está? — Ela perguntou.
— Muito debilitado. Precisará passar por uma cirurgia caso contrário a
costela quebrada pode perfurar o pulmão. É um milagre que não tenha
acontecido. Se vocês não o tivessem encontrado não resistiria mais um dia.
Eu estava muito fraco. Não conseguia entender porque tinha tantas
pessoas perto de mim naquela tarde. Rasparam meus pelos nas patas e
começaram a me furar. Aquela sensação doía, mas logo passava. Será que mais
uma vez eu seria maltratado? Por que as pessoas fazem maldade conosco? Logo
comecei a sentir muito sono. Não sei dizer por quanto tempo eu dormi, mas me
sentia muito mais fraco do que antes. Eu tinha curativos em todo o corpo, porém
no fundo senti que começava a melhorar. Fiquei me perguntando onde estava a
moça carinhosa.
Quais eram as chances de eles continuarem voltando? Eles não me
conheciam, apenas me acharam jogado e machucado. Não significava que
precisavam ir me ver, mas eles iam, dia após dia.
Demorei um tempo para me fortalecer e conseguir ficar de pé, porém no
dia que isso aconteceu, aquela moça ficou vazando pelos olhos. Ela sorria pra
mim é dizia que eu era um garoto valente. Isso podia dizer que eu estava
melhorando.
E era isso mesmo. Eu ficava feliz quando eles apareciam. E me esforçava
para mostrar que estava bem. Depois disso não passou muitos dias até que eu os
ouvisse conversando.
— Ele está liberado para ir para casa.
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