Revista LiteraLivre edição especial - 03 | Page 41

LiteraLivre Edição Especial nº 03 - 2019 — Ele vai ficar bem? — Ela perguntou. — Não posso garantir, o estado dele é grave. Ele é muito pequeno. Mexeram tanto em mim que não conseguia mais chorar. Eu me sentia fraco. E no final eles foram embora. Me deixaram sozinho lá. Eu achava que nunca mais os veria, até que no dia seguinte lá estavam. Eu não conseguia levantar para falar com eles. Mas isso não pareceu ofendê-los. Ela veio e sentou bem perto de mim, colocou a mão na minha cabeça e fez carinho. — Como ele está? — Ela perguntou. — Muito debilitado. Precisará passar por uma cirurgia caso contrário a costela quebrada pode perfurar o pulmão. É um milagre que não tenha acontecido. Se vocês não o tivessem encontrado não resistiria mais um dia. Eu estava muito fraco. Não conseguia entender porque tinha tantas pessoas perto de mim naquela tarde. Rasparam meus pelos nas patas e começaram a me furar. Aquela sensação doía, mas logo passava. Será que mais uma vez eu seria maltratado? Por que as pessoas fazem maldade conosco? Logo comecei a sentir muito sono. Não sei dizer por quanto tempo eu dormi, mas me sentia muito mais fraco do que antes. Eu tinha curativos em todo o corpo, porém no fundo senti que começava a melhorar. Fiquei me perguntando onde estava a moça carinhosa. Quais eram as chances de eles continuarem voltando? Eles não me conheciam, apenas me acharam jogado e machucado. Não significava que precisavam ir me ver, mas eles iam, dia após dia. Demorei um tempo para me fortalecer e conseguir ficar de pé, porém no dia que isso aconteceu, aquela moça ficou vazando pelos olhos. Ela sorria pra mim é dizia que eu era um garoto valente. Isso podia dizer que eu estava melhorando. E era isso mesmo. Eu ficava feliz quando eles apareciam. E me esforçava para mostrar que estava bem. Depois disso não passou muitos dias até que eu os ouvisse conversando. — Ele está liberado para ir para casa. [38]