Revista LiteraLivre edição especial - 03 | Page 40

LiteraLivre Edição Especial nº 03 - 2019 Menino valente Meg Mendes São Paulo/SP Eu achei que morreria naquele dia, e talvez eu morresse mesmo. Estava fraco e com muita dor, havia sido maltratado e jogado fora como lixo. O mato do terreno me escondia, eu chorava de dor e as pessoas pareciam não se importar. E esta agonia durou um dia e meio, até que eles apareceram. — Olha amor, tem um gatinho aqui. — Ela falou pro outro. — Acho que está machucado. Fui enrolado num pano gostoso. Acho que era a blusa dela, eu estava com medo. Não sabia se aqueles dois me maltratariam também. Apenas fiquei quieto, não tinha muito o que fazer. Acho que peguei no sono e quando acordei, estava num lugar estranho. Haviam outros animais feridos. Alguns estavam só de mal humor mesmo, não entendi bem o porquê. Os humanos que me acharam, ainda estavam lá. Ela me olhava com um pouco de tristeza e me segurava com delicadeza. Será que eu estava tão mal assim? E ele andava de um lado a outro. — Vocês já podem entrar. — Ouvi alguém falar de repente. Não pude ver quem era. Logo estávamos andando. Entramos numa sala que tinha um cheiro que ardia meu focinho. Tudo era muito estranho. A pessoa da voz me pegou, me tirou do pano fofinho e me colocou numa mesa fria. Então a dor voltou. Senti ele me apalpar e chorei. — Está com uma costela quebrada. Vou precisar de raio x. Terá que ficar no soro, pois está muito fraco e com desidratação. — Não entendi o que o homem dizia. [37]