LiteraLivre nº 7 – janeiro de 2018
Cheiros de Histórias
Charles Burck
Rio De Janeiro/RJ
As asas mexiam com a sorte, os ventos bulidos alteravam a composição de
todas as coisas,
O efeito do domingo senti nos cheiros das hortas,
Dizem que os cheiros não se apagam nunca na memória,
Meu tio biólogo dizia que as joaninhas têm cheiro de preto e vermelho,
Amar, às vezes cheira a saudades,
Não teve prosa hoje, calei quando senti o cheiro do perfume dela,
A pele cheira como orvalho no agreste, cheiro de coisas natureza, a
calliandra, a sena, o jatobá, café com canela e um pouco de mel
O cheiro da vontade de beijos longos, o desvelo da viola a criar luar,
Perto do rio da tua boca o cheiro da palavra macia a correr sem pressa,
A povoar desertos e a alumiar poesia no sertão, os teus olhos que curam
quebranto tem cheiro de jasmim de Santo Antonio
Sinto o cheiro da manga rosa, cortada em pedaços a dividirmos cada naco,
a flor de anis macerada nas mãos,
Hoje tem previsão de chuvas, mudanças de estações, novos cheiros no ar,
um pressentimento de voltas,
Mas esse cheiro é uma outra história.
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