Revista LiteraLivre 7ª edição | Page 46

LiteraLivre nº 7 – janeiro de 2018 Cheiros de Histórias Charles Burck Rio De Janeiro/RJ As asas mexiam com a sorte, os ventos bulidos alteravam a composição de todas as coisas, O efeito do domingo senti nos cheiros das hortas, Dizem que os cheiros não se apagam nunca na memória, Meu tio biólogo dizia que as joaninhas têm cheiro de preto e vermelho, Amar, às vezes cheira a saudades, Não teve prosa hoje, calei quando senti o cheiro do perfume dela, A pele cheira como orvalho no agreste, cheiro de coisas natureza, a calliandra, a sena, o jatobá, café com canela e um pouco de mel O cheiro da vontade de beijos longos, o desvelo da viola a criar luar, Perto do rio da tua boca o cheiro da palavra macia a correr sem pressa, A povoar desertos e a alumiar poesia no sertão, os teus olhos que curam quebranto tem cheiro de jasmim de Santo Antonio Sinto o cheiro da manga rosa, cortada em pedaços a dividirmos cada naco, a flor de anis macerada nas mãos, Hoje tem previsão de chuvas, mudanças de estações, novos cheiros no ar, um pressentimento de voltas, Mas esse cheiro é uma outra história. https://www.facebook.com/profile.php?id=100009691775123 41