Revista LiteraLivre 7ª edição | Page 133

LiteraLivre nº 7 – janeiro de 2018 Vir a ser Nathalia Rafael Weiss Brandt Tem uma relação na pele com a vida, da qual é amante. Verdade, preciso admitir, é de vez em quando forçada a presentear um sorriso amarelo nas pequenices de sua sociedade. Mas, segredo: nem precisava. A harmonia lhe é natural – sorri baratinho, sem precisar parcelar. Como é baratinha também a humanidade que também dela escorre nas fendas da rotina. Pouca coisa, nela, não sai assim de bom grado. Quietinha, fala muito, suspirando numa indecisão tão inerente a sua personalidade – e daí suspiram junto os muitos homens que a ela desejam tal qual bife a ser batido antes do cozimento. A ela nunca é muito aprazível ser assim refeição corrida, pra matar a fome. As vezes deixa, mas se deixa. Não deixa eles. Diferente. É que ela tem também muita fome. A principal delas: a fome de fome. Homem nunca entende isso. Dá pra ver, claríssimo, olhando aqui, que é emoção a regra de seu colocar-se no mundo. Particularmente, há quem ache esse jeito doce de ser pulsando só pueril. Há quem ache isto a encarnação empírica mesma da vida, de beleza estonteante. Fico particularmente dividido, como a indecisão dela – será isto reflexo da arte respirante que é Nathalia? É que se pulsa o sexo, pulsa o universo, pulsa Nathalia, quem sou eu para, ególatra, não pulsar também? A verdade é que Nathalia é apaixonante. É atriz, sempre foi, mas pensa só que quer