Revista LiteraLivre 7ª edição | Page 132

LiteraLivre nº 7 – janeiro de 2018 cidades, órfãos da guerra sem sentido, que explodira naquela minúscula nação que morria de fome. Muitos lutavam ali pelo Poder de ditar as regras de como distribuir felicidade na terra de ninguém. Impulsionado pela febre que acomete o corpo, pela excitação e pela ambição, inspirado pelas leituras shakespearianas, pelas aventuras épicas de heróis medievais, julgou-se um novo salvador. E assim arregaçou as mangas. Escolheu adeptos, nacionalizou empresas estrangeiras, construiu centros médicos, oficializou o ensino e a saúde. O Povo não questionava porque aquele homem que passaram a chamar de protetor lutava por ele, e não pelos carentes de seu país tão necessitados quanto ele. Ele possuía a resposta: solidariedade entre irmãos da mesma raça. O Povo entusiasmado pela expectativa de uma vida melhor, aclamava e aplaudia. Contra a massa não há resistência. Principalmente a massa sofrida e espoliada. O tempo ajudava. Tudo muito rápido. Instala-se o novo Poder. Exalta-se o herói. As riquezas do país, baseia-se na produção de alimentos e nas pedras preciosas que proliferam nos veios das montanhas. Em nome do Estado todo o extrativismo permanece no país. O mundo exterior exige eleições. Querem o Poder da democracia. O Poder da economia baseada no valor faccioso do dinheiro. Na importação e exportação. A resistência provoca invasões e proclama direitos. A necessidade da guerra para a paz exige resposta. O Poder enfraquece. O Povo exige direitos. O estadista está só. A solidão do Poder instala-se e o herói perde o momento certo de dizer não. O país está à beira do Caos. Novo salvador, novas regras. O Povo tem novas esperanças. Novas valises. Novas viagens. 127