Revista LiteraLivre 7ª edição | Page 113

LiteraLivre nº 7 – janeiro de 2018 Presença Victor Amado de Oliveira Costa Rezende Itaperuna/RJ Vivo numa pequena cidade, pequena e simples, muito diferente das de grande porte que existem em nosso Brasil. Ainda é comum aqui árvores em frente das casas, muros baixos para se mostrar o quintal e seus jardins, uma jóia rara perdida no tempo. Assim como meu pai tinha, tenho eu também, o costume de descansar na janela, seja tomando um café, escutando uma música ou rádio, seja simplesmente vendo nossos conterrâneos passando. E observar o andar da cidade é o que mais gosto, desde que eu era uma criança. As pessoas passam de um lado a outro, cada uma com um pensamento e um passo diferente. Mostrando em seus rostos uma preocupação ou um sentimento crescente. Sempre fui fascinado em observar as pessoas, tentar entendê-las. Um velhinho que caminha toda manhã, dando bom dia a todos que passa, Sr. Anísio o nome dele. Tem o Gabriel que estudara comigo no ginásio e agora trabalha na mercearia, sempre passa de bicicleta atrasado, com os olhos vermelhos de sono. Janaína da farmácia, também estudamos juntos, sempre para na janela para perguntar se precisamos de algum remédio para meu pai, boa moça ela. Entre tantos, tantos outros que caminham sua vida ao lado da minha janela. Dentre odos da cidade, sempre houve uma pessoa que estava presente em meus olhares mais que as outras, Dona Clarice, tão bela ela é. É a melhor costureira da cidade, dona de uma loja de roupas chiques. Ela anda sempre com vestidos e outras roupas novas, depois as vende na loja, as mulheres da cidade nem ligam, devem até querer mais ainda. Grande parte das peças ela mesmo que cria, uma artista, outras vem da cidade grande. Ela mora duas ruas antes da minha e sua loja é no centro, logo ela passa por aqui em frente todos os dias. Caminha numa calma, normalmente de salto e uma das suas roupas novas, resplandecendo como uma santa. Tão bela ela é, normalmente passa do outro lado da rua, quando vem do lado da minha casa costuma me perceber na janela, abrir um belo sorriso e me desejar um bom dia. Nesses dias ele sempre é bom. Uma ou outra vez saio logo após ela passar e vou andando com calma a observando, colhendo todo fruto da sua presença que eu puder. Janaína que nunca entende por que falei que não precisava de remédios e apareci minutos 108