Revista LiteraLivre 7ª edição | Page 103

LiteraLivre nº 7 – janeiro de 2018 Olimpo dos Poetas Maria José Moura de Castro Gondomar, Porto - Portugal No Olimpo dos Poetas, A fada Oriana voava, E as tertúlias que aí se faziam Eram lindas e discretas. (Só os poetas podiam ver Oriana) “Encanta a noite, Oriana!”, pediam. E Oriana encantava. Eles, felizes, sorriam, Nos tronos daquele panteão Onde Oriana tinha assento E a poesia acontecia. Eram todos grandiosos Mal cabiam no seu lugar (Mas a nenhum proibiam de entrar). Escreviam versos maravilhosos Dignos de quem sabe amar. Camões tinha um fogo Que ardia sem se ver. Era homem de grandes paixões Com sonetos e “Os Lusíadas” para ler. Fernando Pessoa dizia- se um fingidor Que chegava a fingir que era dor A dor que deveras sentia Nas pessoas que nele havia. Florbela Espanca suspirava por uns braços Que a prendessem em horas de cansaços E a sua divagação Animava o seu coração. Augusto Gil encantava- se com a neve Branca, fria e leve, Mas também se entristecia Com a criança descalça Que ali padecia. Ofereceu ao amigo Régio Um livrinho que era seu. José Régio olhava-os com olhos lassos, Olhos com ironias e cansaços. Quando lhe diziam “Vem por aqui!”, Alexandre O´Neil tinha Cruzava os braços e nunca palavras que o beijavam ia por ali. Como se tivessem boca, Palavras de amor e de António Gedeão sonhava, esperança, sonhava De imenso amor e Um sonho que o esperança louca. comandava, Acreditando que o mundo António Aleixo, que não pulava e avançava andara num colégio, Como bola colorida nas Numa escola ou num mãos de uma criança. liceu, 98