LiteraLivre nº 7 – janeiro de 2018
Olimpo dos Poetas
Maria José Moura de Castro
Gondomar, Porto - Portugal
No Olimpo dos Poetas,
A fada Oriana voava,
E as tertúlias que aí se faziam
Eram lindas e discretas.
(Só os poetas podiam ver Oriana)
“Encanta a noite, Oriana!”, pediam.
E Oriana encantava.
Eles, felizes, sorriam,
Nos tronos daquele panteão
Onde Oriana tinha assento
E a poesia acontecia.
Eram todos grandiosos
Mal cabiam no seu lugar
(Mas a nenhum proibiam de entrar).
Escreviam versos maravilhosos
Dignos de quem sabe amar.
Camões tinha um fogo
Que ardia sem se ver.
Era homem de grandes
paixões
Com sonetos e “Os
Lusíadas” para ler.
Fernando Pessoa dizia-
se um fingidor
Que chegava a fingir que
era dor
A dor que deveras sentia
Nas pessoas que nele
havia.
Florbela Espanca
suspirava por uns braços
Que a prendessem em
horas de cansaços
E a sua divagação
Animava o seu coração.
Augusto Gil encantava-
se com a neve
Branca, fria e leve,
Mas também se
entristecia
Com a criança descalça
Que ali padecia.
Ofereceu ao amigo Régio
Um livrinho que era seu.
José Régio olhava-os com
olhos lassos,
Olhos com ironias e
cansaços.
Quando lhe diziam “Vem
por aqui!”,
Alexandre O´Neil tinha Cruzava os braços e nunca
palavras que o beijavam ia por ali.
Como se tivessem boca,
Palavras de amor e de
António Gedeão sonhava,
esperança,
sonhava
De imenso amor e
Um sonho que o
esperança louca.
comandava,
Acreditando que o mundo
António Aleixo, que não pulava e avançava
andara num colégio,
Como bola colorida nas
Numa escola ou num
mãos de uma criança.
liceu,
98