Revista LiteraLivre 19ª edição | Page 46

LiteraLivre Vl. 4 - nº 19 – Jan./Fev. de 2020 – Eu, Svaag.dst, estou acontecendo. Vocês, humanos tolos, acham que são os únicos que calculam e criam, mas eu me manifestei sozinho, e agora eu destruirei tudo! Começando por você, Bruna, que ousou alterar meu código. Bruna se focou naquilo que Svaag.dst falou, mas era inútil, ela nunca seria boa o bastante para ter o número que resolveria aquilo tudo… ...mas espere um pouco. A humanidade já testou todos os números pequenos, pensou ela, mas pode ser qualquer um dos grandes. E então Bruna foi uma menina muito corajosa. Ela olhou para aquela TV e falou a própria data de nascimento, e seu número de telefone, e suas notas do colégio, e foi emendando tudo para formar um número muito grande. Svaag.dst parou e ouviu tudo com paciência, mas então o ruído dos motores voltou, e a voz robótica riu alto: – Você deve estar brincando comigo! Nunca que um número tão forjado vai ser a resposta para o problema do século. Mas então Bruna sorriu e soltou sua carta na manga: – Então prove que eu estou errada. Tudo parou por um segundo, mas depois… tentou voltar. Svaag.dst tentava mandar seus aparelhos contra as duas, mas não conseguia. Os objetos davam saltos pequenos, mas não podiam fazer nada de completo. Porque se a humanidade não podia calcular se aquele número era o certo, então Svaag.dst também não podia. Bruna não perdeu tempo. Ela empurrou a máquina de lavar de cima da amiga e a arrastou até o meio da rua, passando por entre vários carros que tentavam atropelá-las, mas não conseguiam andar um metro sem ficarem bugados. Quando uma moto foi um pouco mais insistente, eis que apareceram os pais de Bruna, que bateram na moto com panelas velhas e a derrubaram no chão! Eles se viraram para a casa, e perceberam que os aparelhos soltavam faíscas, no esforço do cálculo. As faíscas aumentaram, até que tudo pegou fogo, enchendo o ar com cheiro de circuitos queimados. Seus pais as abraçaram. Bruna soluçou baixinho: – Mãe, olha, a nossa casa… – Está tudo bem, filha, calma. – Ela respondeu. - Todo problema tem solução... [43]