LiteraLivre Vl. 4 - nº 19 – Jan./Fev. de 2020
tocando e vibrando. Alana gritou quando viu que o celular se arrastava na direção
delas com a vibração.
– Alana, tá tudo bem, é só um telefone velho. - Bruna falou, e o pegou do
chão.
– Desculpa, eu sou medrosa. Mas o que é isso aqui dentro do guarda-roupa?
Alana analisou com curiosidade e espanto os vários papéis impressos
interligados por barbantes que estavam colados no roupeiro de Bruna. Alana não
entendia nada porque os papéis tinham um monte de dígitos estranhos em
inglês.
– Bruna, você vai ter que me explicar esse daqui!
– Só… só se você jurar que não vai me achar maluca. Eu vi no Youtube como
que hackeia algumas coisas. Calma, eu não sou do mal! Mas eu queria aprender,
e daí eu invadi o código do meu celular, e da TV, e tals. Daí eu percebi que tinha
uma parte do código, chamada Svaag.dst, que era igual em todos eles, mas era
uma parte que não dizia nada com nada! Daí, só para brincar, eu mudei essa
parte no código do meu celular: eu escrevi mais umas duas linhas, eu disse pro
programa que ele deveria desligar se ele recebesse a resposta da Conjectura de
Collatz. Mas daí, no outro dia, eu entrei nos códigos de novo, e eu percebi que
aquelas minhas duas linhas tinham sido copiadas para todos!
– Uau! - Exclamou Alana, tentando encorajar a amiga. - Então é como se
todos tivessem a mesma mente? Tipo um formigueiro?
Bruna gostou do interesse da amiga, e as duas conversaram sobre muitas
coisas, e quando deram por si o céu já estava preto e cheio de estrelas.
– Bruna, eu vou ligar pra minha mãe e pedir pra dormir aqui, eu posso?
– M-mas eu não sei aonde que você poderia dormir na minha casa…
– Ué, a sua cama é bem grandona. E nós duas somos bem pequenininhas.
O barulho de um carro acordou Bruna. Ela se virou para o lado, mas logo
depois outro carro já atrapalhou o sono dela de novo. Bruna se zangou, mas
antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, já veio outro carro fazer barulho na
rua dela. E depois dele veio mais outro e mais outro, e eles pareciam cada vez
mais próximos e mais barulhentos… peraí, pensou ela, eles estão no meu
quintal?
[41]