LiteraLivre Vl. 3 - nº 18 – Nov./Dez. de 2019
Na balada, sorridente, com vários amigos ao redor, eu a observo com sua
bebida, dançando, absorta em seus pensamentos. Aproximo-me. Vejo-a indo em
direção ao banheiro e vou ao seu encontro.
Paro bruscamente ao tomar ciência do que vejo.
No banheiro; um espelho. No espelho; o meu reflexo. No meu reflexo; a
minha essência. Ela sou eu. Essa mulher contrapõe-se ao que penso. Assusto-
me, no entanto, não tenho dúvidas.
Percebo que sou mera espectadora de minha própria vida. Faço coisas das
quais não sinto prazer algum; penso outras que não teria coragem de colocar
em prática.
—Sou uma farsa? Talvez – Penso isso enquanto vejo a mulher voltar para a
sua roda de amigos, após enxugar suas lágrimas no banheiro.
Minha alma grita por ser prisioneira da minha própria imagem.
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