LiteraLivre Vl. 3 - nº 18 – Nov./Dez. de 2019
Cleidirene Rosa Machado
Catalão/GO
O pólen que nasce da vida e atravessa a morte
A estória de hoje é a de minha tetravó, nascida filha de duques na Inglaterra,
recebeu o título de Lady e assim passou a ser chamada. A moça se casou
também com um filho de duques de quem recebeu o título de Lorde, ambos
tiveram quatro filhos.
Era o ano de 1880 quando o Reino Unido vivia a Era Vitoriana com sua rainha
Vitória. Lá acontecia a revolução industrial e crescimento das cidades, seguidas
de muitas lutas de trabalhadores que se rebelavam contra as máquinas, fábricas
e baixos salários.
Em certa manhã, depois de longos dias sem sair de casa, minha tetravó quis
dar umas voltas com sua irmã para visitar uma prima marquesa. Na volta para
casa, as duas passaram embaixo de um grande abacateiro e no momento da
travessia sentiu que um líquido quente caia em um de seus braços. Ela olhou
para cima e viu que lá do alto a cabeça de um homem estava cortada e gotas de
sangue iam caindo abaixo.
Lady começava a se assustar com a situação, quando olhou para o braço
gotejado de sangue... Quão grande a surpresa quando notou que a pedra de
esmeralda da pulseira que trazia havia se coberto de sangue vivo e vermelho. O
sol da manhã fez evidenciar as cores e um brilho na joia, algo tão majestoso que
Lady nunca tinha visto.
Rapidamente Lady voltou para casa e contou o fato ao marido. Após alguns
dias ele chega e entrega a ela uma caixa que a abre rapidamente. Era um colar,
um par de brincos, uma pulseira e uma enorme tiara trabalhada em ouro e
pedras vermelhas.
Por um instante o Lorde pode ver as cores das joias vermelhas refletidas nos
olhos de Lady:
- São pedras de Rubis minha querida... Para que você se lembre sempre do
sangue derramado durante anos em nosso país.
—Mas não é um peso muito grande para que eu carregue?
—Quero que use amanhã no baile de nossa despedida da Inglaterra.
—Para onde iremos depois disso?
—Brasil! Vida Nova!
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