Revista LiteraLivre 18ª edição | Page 57

LiteraLivre Vl. 3 - nº 18 – Nov./Dez. de 2019 Cleidirene Rosa Machado Catalão/GO O pólen que nasce da vida e atravessa a morte A estória de hoje é a de minha tetravó, nascida filha de duques na Inglaterra, recebeu o título de Lady e assim passou a ser chamada. A moça se casou também com um filho de duques de quem recebeu o título de Lorde, ambos tiveram quatro filhos. Era o ano de 1880 quando o Reino Unido vivia a Era Vitoriana com sua rainha Vitória. Lá acontecia a revolução industrial e crescimento das cidades, seguidas de muitas lutas de trabalhadores que se rebelavam contra as máquinas, fábricas e baixos salários. Em certa manhã, depois de longos dias sem sair de casa, minha tetravó quis dar umas voltas com sua irmã para visitar uma prima marquesa. Na volta para casa, as duas passaram embaixo de um grande abacateiro e no momento da travessia sentiu que um líquido quente caia em um de seus braços. Ela olhou para cima e viu que lá do alto a cabeça de um homem estava cortada e gotas de sangue iam caindo abaixo. Lady começava a se assustar com a situação, quando olhou para o braço gotejado de sangue... Quão grande a surpresa quando notou que a pedra de esmeralda da pulseira que trazia havia se coberto de sangue vivo e vermelho. O sol da manhã fez evidenciar as cores e um brilho na joia, algo tão majestoso que Lady nunca tinha visto. Rapidamente Lady voltou para casa e contou o fato ao marido. Após alguns dias ele chega e entrega a ela uma caixa que a abre rapidamente. Era um colar, um par de brincos, uma pulseira e uma enorme tiara trabalhada em ouro e pedras vermelhas. Por um instante o Lorde pode ver as cores das joias vermelhas refletidas nos olhos de Lady: - São pedras de Rubis minha querida... Para que você se lembre sempre do sangue derramado durante anos em nosso país. —Mas não é um peso muito grande para que eu carregue? —Quero que use amanhã no baile de nossa despedida da Inglaterra. —Para onde iremos depois disso? —Brasil! Vida Nova! [54]