LiteraLivre Vl. 3 - nº 18 – Nov./Dez. de 2019
Clarice de Assis Rosa
Ituiutaba-MG
Alma transcendental
Vislumbro, minuciosamente, aquele ser; olhar perdido, como se não soubesse o
que fazia ali. Observo, atentamente, e percebo que ela não se sente confortável
naquele lugar; ousaria dizer que pelas expressões desconexas não se sentia bem
em lugar algum .
Eu nada mais era que uma espectadora, analisava aquela mulher há algum
tempo, talvez anos, quiçá uma vida inteira. Aparentava ter uma vida feliz,
independente, desprovida de maiores preocupações; mulher de sorriso fácil,
capaz de fazer despertar o senso de humor até mesmo nos mais recatados; olhar
misterioso e profundo, gostava de tentar desvendar os segredos mais íntimos,
muitas
vezes
jogo.Perigoso?
sequer
Talvez,
perceptíveis
porém,
a
quem
dava-lhe
os
a
tem.
Ela
sensação
gostava
de
desse
onipotência
;conseguira perscrutar os mistérios de um ser além do que qualquer outra
pessoa mensurasse conseguir.
Sigo-a em diversas ocasiões, atentando-me para suas ações e reações; ora
me parece feliz, sensata em suas decisões,ora me apresenta versões ilusórias,
capazes de confundir somente a si mesma.
Por vezes, meus devaneios entrelaçam-se ao dela. Não consigo identificar a
autoria de determinados pensamentos.
—Sou eu uma espectadora? Sou essa mulher?
Continuo, o que agora mais se parece com uma perseguição , atordoada, em
busca de respostas.
-“Preciso encontrar esta mulher, precisamos conversar , preciso lhe dizer que
a observo faz tempo, embora nunca tenha lhe dito nada”
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