Revista LiteraLivre 16ª edição | Page 226

LiteraLivre Vl. 3 - nº 16 – Jul./Ago. de 2019 Mas no âmago de sua insanidade narcisista se julgava um gênio incompreendido pela sociedade, por seres o qual julgava intelectualmente inferiores por não serem capazes de compreender a grandeza de sua obra homicida arquitetada com requintes de crueldade por anos a fio. Mas com o tempo por não ser capturado, julgando-se inimputável ficou confiante na impunidade e assim mais relaxado. Se tornou vaidoso e não somente passou a tirar as partes dos corpos de vítimas que eram sodomizadas em vida antes de serem mortas, mas deixava assinaturas para que em seu íntimo, se gabasse de seu grande feito em noticiários que segundo ele era fruto de um intelecto superior ainda que fosse apenas um sociopata demente e sádico que por ser desprovido de coração usava as coisas de suas vítimas e se apropriava de seus pertences o quanto conseguisse. A excitação com isso era sexual, e seu estado de senilidade moral se tornou tão agudo com o tempo que as vezes tinha desejo sexual pelas vísceras de suas vítimas. Com o tempo ele passou a ser conhecido como o 'Artesão da Morte' como ele mesmo se autodenominava. Fazia uso de entorpecentes ilícitos o qual dizia ampliar as 'janelas para o abismo' do qual tudo o quanto insuportável e doentio provinha. Ele não possuía nenhum talento em especial, nunca tinha feito uma grande descoberta ou criado algo bom a não ser um rastro de destruição na vida de suas vítimas o qual não aceitava que se defendessem. Tão logo ao saber da suposta identidade daquele suspeito, Janine, procurou o que seria a única sobrevivente de seus ataques, uma mulher que fora estuprada apenas por gostar de um desafeto dele. Ela teve os pés cortados fora, mas apesar de ter sobrevivido ao fugir a sanidade dela ficou perdida em algum lugar entre os pés e as pernas. Ela enlouqueceu totalmente e falava que havia finalmente compreendido a grandeza da obra dele. Havia visto o inigualável. Quando Janine a visitou em seu quarto na psiquiatria notou que o lugar estava totalmente pichado, pois ela passava parte do tempo desenhando centenas de círculos embolados nas paredes de onde estava, espirais sem fim em figuras totalmente sem sentido o qual ela dizia enquanto dizia segundo enfermeiras: "Eu vi tudo e agora entendo as maravilhas geniais disso." Janine sabia que pouco conseguiria extrair da mulher, pois o mal que sofrera fora tão grave que ela teve a memória bloqueada, e o que não fora bloqueado se perdeu nas espirais da loucura que ela desenhava nas paredes, dia e noite. Mas Janine tinha que tentar, ela precisava. 223