Revista LiteraLivre 16ª edição | Page 225

LiteraLivre Vl. 3 - nº 16 – Jul./Ago. de 2019 Uma Janela Ao Insuportável Gerson Machado de Avillez Rio de Janeiro/RJ Janine perdeu seu irmão Felipe há dez anos. Desaparecido, o caçula parecia ainda assombrá-la sempre presente em suas lembranças como um clamor não apenas ao rememorar, mas a buscá-lo. O ocorrido quando ela ainda tinha 15 anos a jovem decidiu determinadamente se tornar policial. Agora adulta aos 25 anos ela dedicava seu tempo como agente policial do departamento de desaparecidos. Crianças e adolescentes assim como pessoas de outras idades pareciam todos os dias fitá-la nas fotos que estavam dispostas num quadro. Na verdade, em cada rosto de um dos desparecidos Janine via o rosto de seu irmão que na época tinha 13 anos. Fora assim então que ao encontrarem o corpo de um dos desaparecidos que Janine poderia ter as respostas que nunca teve numa década, corpo em putrefação com partes faltando indicando possível canibalismo, não somente mutilação. As pistas levavam a um suspeito visto nas câmeras da região, um lugar ermo e desolado houve uma rebelião de segregados pela sociedade. Tão logo Janine cruzou os dados, mas sem pistas ou passagens por crimes anteriores na polícia, ela viu que o nome do homem era Wilson Motta. Homem que apesar de nunca ter sido condenado as pistas pareciam denotar padrões que ligavam a outros crimes anteriores, um possível serial killer o qual o requinte de crueldade era, dentre outras coisas, tirar as unhas da vítima antes de matá-la. Wilson Motta era durante o dia um bom samaritano, se dizia ajudar a todos, sorria e falava coisas bonitas e de como fora vítima de injustiças na vida, assim como apontava problemas o qual dizia ele não seria responsável. Mas a noite ele fazia o que chamava de sua 'magnus opus', uma "obra de arte" macabra onde fazia um mosaico com partes de corpos humanos de suas vítimas. Era um homem vazio, desagradável, negativo, tóxico e de conversas medíocres, mas que se ocultava numa fachada de palavras ocas do qual se afirmar ser por repetição. A mentira era um artifício para engano e ocultação visando benefício próprio. Sendo assim a mentira é uma verdade artificial o qual se escora uma ilusão. Nada mais paira egoísmo senão na mentira que intoxica relações e envenena a sociedade ao ocultar verdades atrozes. 222