LiteraLivre Vl. 3 - nº 16 – Jul./Ago. de 2019
cursando os atuais: Fundamental e Médio, na época: Primário, Ginásio e Colégio
(científico).
Olho a fotografia maior, a que finaliza o álbum: é o da minha turma com o
professor de Língua Portuguesa ao fundo.
Sorrisos, poses, sonhos...
Onde estarão meus colegas agora? Muitos vieram acompanhando-me desde os
primeiros dias de escola, que fim levaram?
Os professores, o que aconteceu com eles?
Olho com mais atenção à fotografia. Ela como todas tem o dom de congelar o
tempo. Um fragmento clicado. Como se tirássemos um vagão de um comboio
que insiste em continuar em seu caminho. Um fragmento de tempo parado
naquela distante e fria manhã de 1972(na imagem todos estão agasalhados).
Quantos sonhos povoavam as nossas cabeças naquele final de ano letivo?
Quantos
foram
alcançados?
Quantos
deixados
de
lado?
Quantos
risos
transformaram-se em lágrimas ao longo do tempo?
Perguntas feitas agora, mas não naquele momento; apenas sorrisos, esperanças,
sonhos... alegrias. Vivíamos em um mundo à parte, desconhecendo (eu pelo
menos desconhecia) as barbaridades da ditadura que violentava o país naquele
momento.
Pensando bem se eu lesse naquele distante momento o horóscopo que estou
lendo hoje: "Sagitário: Planetas tomam posição acirrada nas esquinas do céu”, aí
sim eu acreditaria realmente nos horóscopos."
[email protected]
26