Revista LiteraLivre 16ª edição | Page 28

LiteraLivre Vl. 3 - nº 16 – Jul./Ago. de 2019 A Turma de 72 ou Nas Esquinas Do Céu Roberto Rodrigues da Silva Indaiatuba/SP Hoje pela manhã fiz duas coisas que há tempo eu não fazia. A primeira foi ler o meu horóscopo no jornal, uma leitura feita por simples diversão, embora saiba de gente que leva isso muito a sério. Tive um tio, por exemplo, que possuía uma firma de terraplenagem e só abria a empresa após consultar o horóscopo. Caso os astros dissessem que aquele dia não seria bom para os negócios, ele simplesmente dispensava os funcionários, que acredito dessem pulos de alegria. Não preciso dizer que, contrariando os astros, tornou-se um empresário falido. Bem,mas voltando, ao horóscopo percebo que existem dois tipos: aqueles que não dizem absolutamente nada de novo:"...lembre-se sagitariano que quem com ferro fere com ferro será ferido, cor verde limão...número para hoje..."E aqueles que escondendo-se atrás de uma maior complexidade continuam não dizendo nada: “Sagitário: Planetas tomam posição acirrada nas esquinas do céu”. Bonito em termos poéticos, mas acredito não acrescentar muito para o meu dia. .A segunda foi procurar documentos para a minha aposentadoria. Nesta busca encontrei uma amassada caixa de camisa com um amontoado de velhas fotografias dentro: pequenas, grandes, descoloridas. Muitas em preto e branco com as bordas cortadas de forma irregular, como corroídas pelo tempo e pelas lembranças. Foi lá entre elas que encontrei um pequeno álbum de fotos, daqueles tirados e vendidos nas escolas ao final do ano. No alto da capa, o nome do Colégio Meninópolis, no canto inferior direito o endereço e o ano 1972. A capa coberta com as assinaturas e apelidos dos colegas (ninguém falava em "bullyng" na época). Lá dentro uma mistura de pequenas fotografias que iam desde a fachada do prédio, passando pela capela, (a escola era católica), laboratórios, chegando aos professores e direção. O colégio não existe mais, ficava em São Paulo, no bairro do Brooklin. Foi entre suas paredes que passei onze anos de minha vida, 25