LiteraLivre Vl. 3 - nº 15 – Mai./Jun. de 2019
O Canto de Resistência da Periferia
Tauã Lima Verdan Rangel
Mimoso do Sul/ES
Estamos em plena periferia
Uma mistura de concreto cinzento e chão batido
O ambiente é estéril e se espraia diante de meus olhos
Um ar de perigo inunda o espaço
Um formigueiro cambaleante de transeuntes
Caminham para lá e para cá
É um enxame que se forma por entre os becos
As casas, sem reboco, são colmeias humanas
O medo das mães preenche o vento que sopra
O filho sai, a mãe não sabe se retorna
A filha sai, a mãe teme pelos riscos da violência
Violência... a palavra de ordem de um ambiente tão infecundo
Não há Estado
Não há segurança
Não há proteção
Há omissão
O Estado omisso cede espaço para o poder paralelo
O som das balas dardeja no espaço
Um tiro, uma “bala achada”
Outro tiro, uma vítima ao chão
O tráfico é constante
O risco é um companheiro do favelado
O medo da rotina
A rotina do medo
Fios ornamentam os postes
Os buracos enfeitam as paredes
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