Revista LiteraLivre 15ª edição | Page 144

LiteraLivre Vl. 3 - nº 15 – Mai./Jun. de 2019 O Canto de Resistência da Periferia Tauã Lima Verdan Rangel Mimoso do Sul/ES Estamos em plena periferia Uma mistura de concreto cinzento e chão batido O ambiente é estéril e se espraia diante de meus olhos Um ar de perigo inunda o espaço Um formigueiro cambaleante de transeuntes Caminham para lá e para cá É um enxame que se forma por entre os becos As casas, sem reboco, são colmeias humanas O medo das mães preenche o vento que sopra O filho sai, a mãe não sabe se retorna A filha sai, a mãe teme pelos riscos da violência Violência... a palavra de ordem de um ambiente tão infecundo Não há Estado Não há segurança Não há proteção Há omissão O Estado omisso cede espaço para o poder paralelo O som das balas dardeja no espaço Um tiro, uma “bala achada” Outro tiro, uma vítima ao chão O tráfico é constante O risco é um companheiro do favelado O medo da rotina A rotina do medo Fios ornamentam os postes Os buracos enfeitam as paredes 141