Revista LiteraLivre 15ª edição | Page 143

LiteraLivre Vl. 3 - nº 15 – Mai./Jun. de 2019 o verbo, te enganaram, era o nome. Postei na entrada a alcunha legal, nomeei a cidade de Zeus e, em seguida, desconstruí. Tentei fazer de novo, repetir o feito. Saiu diferente. Diferente não, semelhante. Semelhante não, verossimilhante. Nomearam ficção. Agora você entrou na jogada; Sua vez. Rodam a roleta de novo ... Em cada rodada o ciclo se repete, mas não exatamente como antes, pois a previsibilidade provoca em ti novas atuações. Enquanto a roleta movimenta você monta e desmonta seu novo mundo, mas não percebe que tudo muda. Até que eu, personagem e narrador desta história, lhe chamo à interlocução — Você não é personagem nem narrador, eu é que sou, não venha interferir nisto que só a minha estética deve refletir! Perceba então que os mínimos bloquinhos à sua disposição, aquelas pecinhas de encaixar umas nas outras, não pertencem ao quebra-cabeça que lhe dei. São só palavras. Matéria prima do meu discurso, na mesa de brincadeira que será, daqui por diante, conhecida por outro alguém. Ouço agora a minha voz misturada à sua, para mais tarde revelar, a quem chegar até aqui, uma única verdade aceitável, aquela que acabei de encenar. Fostes tu decodificador, interlocutor. Um deus também, para mim, para você mesmo, e quem mais nesta armadilha quiser entrar. Mas sou autor, seu autor, tenho a autoridade de mandar- te sair daqui, vá embora, e chame por favor quem estiver aí fora. Você não enlouqueceu, só busca entreter-se. Quem chegou até aqui pode mergulhar. Bem-vindo à transgressão de limites entre o real e o inventado! Sou o seu imaginário. https://escritorerick.weebly.com 140