LiteraLivre Vl. 3 - nº 15 – Mai./Jun. de 2019
o verbo, te enganaram, era o nome. Postei na entrada a alcunha legal, nomeei a
cidade de Zeus e, em seguida, desconstruí. Tentei fazer de novo, repetir o feito.
Saiu diferente. Diferente não, semelhante. Semelhante não, verossimilhante.
Nomearam ficção.
Agora você entrou na jogada; Sua vez.
Rodam a roleta de novo ...
Em cada rodada o ciclo se repete, mas não exatamente como antes, pois a
previsibilidade provoca em ti novas atuações. Enquanto a roleta movimenta você
monta e desmonta seu novo mundo, mas não percebe que tudo muda. Até que
eu, personagem e narrador desta história, lhe chamo à interlocução — Você não
é personagem nem narrador, eu é que sou, não venha interferir nisto que só a
minha estética deve refletir!
Perceba então que os mínimos bloquinhos à sua disposição, aquelas
pecinhas de encaixar umas nas outras, não pertencem ao quebra-cabeça que lhe
dei. São só palavras. Matéria prima do meu discurso, na mesa de brincadeira que
será, daqui por diante, conhecida por outro alguém. Ouço agora a minha voz
misturada à sua, para mais tarde revelar, a quem chegar até aqui, uma única
verdade aceitável, aquela que acabei de encenar. Fostes tu decodificador,
interlocutor. Um deus também, para mim, para você mesmo, e quem mais nesta
armadilha quiser entrar. Mas sou autor, seu autor, tenho a autoridade de mandar-
te sair daqui, vá embora, e chame por favor quem estiver aí fora. Você não
enlouqueceu, só busca entreter-se. Quem chegou até aqui pode mergulhar.
Bem-vindo à transgressão de limites entre o real e o inventado! Sou o seu
imaginário.
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