Revista LiteraLivre 13ª edição | Page 92

LiteraLivre Vl. 3 - nº 13 – Jan/Fev. de 2019 mantinha-se, a maior parte do tempo, trancado em seu quarto estudando ou, simplesmente, contemplando a paisagem da janela. Os anos passaram e os filhos mais velhos se viram com médias insuficientes para admissão na maioria das universidades. As economias da família não bastavam para pagar as taxas escolares. Encontraram emprego na vizinhança enquanto Max, ao menos, mantinha boas notas. O pai, orgulhoso, dizia que o caçula conseguiria uma bolsa para ser o primeiro da família a estudar na Universidade do Maine. O menino ouvia calado. Assim que completou o ensino médio conseguiu de fato uma bolsa, porém para estudar na Alemanha. Despediu- se dos irmãos e do pai com afeto e disse um adeus sem emoção à mãe, que tricotava. Os que ficaram pareciam conformados com a negligência de Peggy. Mas Max, o último a permanecer sob seus cuidados na tenra infância, ficara marcado pelas muitas vezes em que se viu com fraldas sujas, com o joelho ralado, com fome ou sede, ou simplesmente solitário e triste, em frente à porta fechada do quarto da mãe. De onde, a custo, ela surgia afogueada, apressada, fechando rapidamente a porta atrás de si. Três dias depois da morte da mãe chegou outro telegrama de Houlton, dando conta da morte do pai. Desta vez, Max chorou. www.umcientistanotelhado.blogspot.com 88