LiteraLivre Vl. 3 - nº 13 – Jan/Fev. de 2019
mantinha-se, a maior parte do tempo, trancado em seu quarto estudando ou,
simplesmente, contemplando a paisagem da janela.
Os anos passaram e os filhos mais velhos se viram com médias insuficientes
para admissão na maioria das universidades. As economias da família não
bastavam para pagar as taxas escolares. Encontraram emprego na vizinhança
enquanto Max, ao menos, mantinha boas notas. O pai, orgulhoso, dizia que o
caçula conseguiria uma bolsa para ser o primeiro da família a estudar na
Universidade do Maine. O menino ouvia calado. Assim que completou o ensino
médio conseguiu de fato uma bolsa, porém para estudar na Alemanha. Despediu-
se dos irmãos e do pai com afeto e disse um adeus sem emoção à mãe, que
tricotava.
Os que ficaram pareciam conformados com a negligência de Peggy. Mas Max,
o último a permanecer sob seus cuidados na tenra infância, ficara marcado pelas
muitas vezes em que se viu com fraldas sujas, com o joelho ralado, com fome ou
sede, ou simplesmente solitário e triste, em frente à porta fechada do quarto da
mãe. De onde, a custo, ela surgia afogueada, apressada, fechando rapidamente a
porta atrás de si.
Três dias depois da morte da mãe chegou outro telegrama de Houlton, dando
conta da morte do pai. Desta vez, Max chorou.
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