LiteraLivre Vl. 3 - nº 13 – Jan/Fev. de 2019
Ele queria ser astronauta e desenhista e já pensava em ser engenheiro e
jornalista. Agora a vida o engessa na cama do quarto escuro e desencanta o
coração de sua mãe.
A mãe segue atenciosa, lhe escova os dentes e lhe beija a face fraturada noite e
dia. Conta-lhe piadas e levanta sua cama para tomar um sol, buscando luz e
esperança para seguir em frente.
Cuidado e amor de mãe são incondicionais. Ela se faz exemplo a ser seguido.
Ela não enxergava a doença, ela enxergava o menino e seu potencial e assim o
confortava e acalentava.
Como se não bastassem a fadiga e a exaustão do longo período no hospital, eis
que surge um novo diagnóstico.
O menino também tinha câncer.
-- “Mas como, câncer? Aqui não há lugar para essa doença ”-- exclamava a mãe
incrédula.
E o que já era cinza se enegrecia ainda mais.
A mãe arregaçou as mangas e lutou com todas as suas forças, enquanto foi
possível.
Uma batalha injusta, mas que não abriu espaços para lamentações. Só cabiam
valentia, cuidado em sua mais ampla forma, dedicação, amor, empatia e
reverência ao Ser Supremo.
Aos poucos, ela entendia que o seu menino, que gostava de dançar, cantar e
desejava ser pássaro, finalizava sua missão por aqui. Ela agradecia ao Universo a
oportunidade de tê-lo ao seu lado durante 15 lindos anos, enquanto o menino dia
após dia se preparava para voar como uma borboleta, para o universo de luz, em
que não há dores e os sorrisos são combustíveis de amor e paz.
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