LiteraLivre Vl. 3 - nº 13 – Jan/Fev. de 2019
Homenagem a Brumadinho
Luisa Cisterna
Calgary - Canadá
Minas – são suas montanhas a perder de vista;
Do cheiro de café fresquinho, passado no coador de pano.
Se não me engano, seu fogão é à lenha e a panela é de barro.
Sua cozinha é farta com biscoitos de nata,
Geleia de jabuticaba, doce de goiaba.
Dá água na boca quando a sineta toca;
É a vovó chamando para o que almejo – o pão de queijo.
Feijão na panela e frango com caldo; angu delicioso
E arroz fritinho, bem gostoso!
O carro-de-boi vem descendo a estrada de chão,
Locomoção para a garotada extasiada.
Ouça, ouça, lá vem a maria-fumaça;
É o apito do trem. A meninada corre para ver se desce alguém.
O banho de rio, a cachoeira refrescante – é tudo vivificante.
Ao cair da noite, vovô conta histórias
Da mula sem cabeça e da mulher de algodão;
O medo bate e cobrimos os olhos com as mãos.
Na varanda de piso frio, sentimos arrepio.
Depois vem a gargalhada com a piada inesperada.
Lá fora os sapos coaxam, as cigarras cantam –
Os sons naturais sempre encantam.
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