Revista LiteraLivre 13ª edição | Page 76

LiteraLivre Vl. 3 - nº 13 – Jan/Fev. de 2019 História de Hospital Gracielle Torres Azevedo Maceió/AL Era manhã de verão e o menino que, na noite anterior, trajava terno negro e gravata borboleta cinza para ser padrinho de casamento ao lado de sua mãe, agora se encantava. A noite havia sido longa. O menino contente dançava e cantava as músicas do momento. Convidou as tias e primas para uma dança e era o famoso pé-de- valsa. O menino de aparelho nos dentes e sorriso largo resolvera acordar mais cedo, após a noite da festa e pegar a moto do seu pai. Talvez para ir ao supermercado fazer compras para o desjejum, talvez para passar na porta da menina que lhe acelerava o coração ou talvez para chamar a atenção dos colegas na pracinha da cidade. O motivo que o fizera pegar a moto será sempre desconhecido e aquela manhã de verão poderia não ter existido, mas existiu e mudou o curso da história. O céu, que outrora era azul e tinha nuvens radiantes, rapidamente tomou tons de cinza quando um boi atravessou a pista e tombou na moto. A vida ficou nublada e escura para uma mãe calorosa que acabara de acordar após a festa de casamento de sua prima, da qual havia sido madrinha ao lado do seu menino. Após aquela manhã ela jamais viu seu filho como antes. O menino expressivo, após um tempo desacordado na Uti, com respiração artificial, havia perdido os movimentos e a consciência. Já não respondia aos chamados e nem direcionava o olhar. Roubaram seus 15 anos. Arrancaram a fórceps aquela juventude e deceparam o futuro do menino dançarino. 72