LiteraLivre Vl. 3 - nº 13 – Jan/Fev. de 2019
ainda queimam após a combustão espontânea nos bancos das igrejas. Rios ainda
correm e secam ao coagularem. Os óvulos inférteis ainda subsistem graças às
máquinas pneumáticas que marcam códigos de barras nas testas dos recém-
nascidos.
Fodam-se os pandas... e os veganos. Os liberais e os socialistas. Os
direitistas e os esquerdistas. Os -istas e os -ismos. Não me convide para
qualquer coletivo. Eu não segurarei seus cartazes. Eu não gritarei suas palavras
de ordem. Eu não me ajoelho ante a sua liberdade imposta; a pior forma de
escravidão que existe!
Fodam-se os pandas! A era de remelentos adultos com cheiro de leite.
Anestesiados pelos aplausos descontrolados dos babuínos nus que mostram sua
felicidade atirando fezes uns nos outros. O império dos suicidas sem coragem.
Não existe sujeito mais nocivo que o idiota acadêmico cheio de boas intenções.
As ideias com cheiro de naftalina. As prostitutas com diplomas nas paredes são
as mais sujas e doentes que existem. Ombreiras e pastas! Currículos e autofagia
literária! Ditadores de bermudas, chinelos e pupilas dilatadas. Fodam-se os
pandas!
O sangue no prato e o bicho morto sendo mastigado é a única coisa real no
planeta hipocrisia. Quero entupir minhas artérias com a maior quantidade de
gordura possível; que saia pelos poros e besunte a pele esticada e rechonchuda.
Quero serrar meus membros diabéticos pelo açúcar em meu sangue. Quero
soltar fumaça de cigarro na cara do juiz quando ele me disser sobre a multa por
fumar na calçada do prédio. Quero atropelar um advogado com uma escavadeira,
deixando apenas sua gravata de seda incólume na minha maçaneta. Quero entrar
atirando numa repartição pública. Quero onerar o estado. Quero que gastem com
a cadeira elétrica e com as assinaturas na papelada. Quero que o meu dinheiro
me seja devolvido em duas putas loiras, uma garrafa de uísque e alguns charutos
de qualidade duvidosa. Fodam-se os pandas!
Tudo se torna cinza ao passo que o dia começa na plataforma molhada. O
cheiro de gente suando às seis da manhã. Os juros que me fazem xingar ao abrir
a correspondência. O preço das porcarias que intoxicam o meu organismo.
Somos a pior geração que já existiu! A geração dos ursos pandas! A geração dos
ovos de tartaruga! A geração da liberdade escravocrata auto imposta! Não fale!
Não pergunte! Não aponte o dedo! Siga sua vida como o gado no matadouro.
O cheiro da grama molhada vale a pena. O sorriso no rosto do guri. Fodam-
se os pandas! E os desabrigados. Os violados. Os presos. A diversidade;
eu odeio todos igualmente, não há privilegiados quando o assunto é desprezo.
Foda-se o glúten. O carboidrato. O colesterol. As geleiras. As florestas. As
revoluções e os patifes que as lideram. Aos leões os homens com boas ideias!
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