LiteraLivre Vl. 3 - nº 13 – Jan/Fev. de 2019
projetarem no espelho, Os olhos do gato, alheio a tudo senão sua caça, o
miravam tanto quanto o pequeno rato o fez com a bailarina, mas sem a
perplexidade contemplativa da beleza e sim com o impulso de caçador.
Um salto do gato quase pôs fim ao pequeno roedor, se este não tivesse saltado
antes. Sobre a corda da caixa de música, o camundongo começa a correr,
desesperado em escapar de sua nêmese. O girar da corda invertido pelo correr,
inverte a música, agora estalada e tronca, o bailar suave muda de direção,
alquebrado, arrastada, quase derrubando a pequena boneca. O cintilo suave dos
brilhantes agora toma um segundo sentido, virando um vórtice fulgente. O gato,
antes resoluto, começa a se afastar, encrespando os pelos diante daquilo.
Mais longe
As cortinas na janela são sopradas para dentro, numa lufada de vento. As janelas
se fecham com o mesmo sopro
Mais longe
Uma pequena choupana num acampado, sendo iluminada pela alvorada.
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