LiteraLivre Vl. 3 - nº 13 – Jan/Fev. de 2019
mento recente, outra dor a ser tratada enquanto eu não sabia se na sua vida já
existia outra pessoa.
Talvez tenha sido alguma artimanha do destino, mas por algum motivo acabei
nos seus braços outra vez, neste dia. Perdido entre as emoções; entre as dúvidas
do meu coração, deixe-me levar pela breve ilusão de que a partir daquele dia
teríamos uma oportunidade de resolver nossas diferenças e o nosso amor viria a
superfície outra vez. Lembro-me de termos nos permitido tentar outra vez; tínha-
mos muito para viver juntos ainda, pensávamos.
Naquele dia, a noite, algumas horas depois de depositarmos nossas carências um
no outro, antes de nos despedirmos sua voz encontrou os meus ouvidos me di-
zendo: acredita em nós. Me despedi com o coração triste e confuso, nãos saben-
do ao certo como lidar com meus próprios devaneios, já dentro do ônibus, encos-
tado na janela, simplesmente fechei os olhos e deixei-me levar. Nosso reencontro
tivera sido tão breve, mas, por outro lado acreditei que aquilo seria só a ponta do
recomeço.
Poucos dias depois, ainda tragado pelas emoções constantes daquele reencontro,
vi mais uma vez o controle fugindo das nossas mãos. O destino havia agido no-
vamente, mas dessa vez repetindo sua maldade, insistindo em nos manter sepa-
rados.
Hoje, mais sete anos se passaram. Desde então vivemos vidas separadas, outros
amores vieram, ciclos começaram e terminaram, mas a sua existência nunca
deixara minha mente. Várias vezes, a ponto de eu não poder contar, me vi perdi-
damente anestesiado tentando lutar contra um amor impossível já que não havia
mais a possibilidade de ficarmos juntos, andávamos em ritmos diferentes. Me
perguntei se era escolha sua ou do destino.
Nesta noite eu sonhei com você; esse sonho rasgou o meu coração com força.
Nesta passagem nos reencontramos, os corações queimavam de desejo dentro
do peito. Nossos lábios se percorriam com amor e por um breve momento acredi-
tei que fosse verdade, até no momento em que acordei, sozinho na minha cama
e mais uma vez desolado pela sua falta.
Diante da angustia, permaneci entre minhas indagações, e por tanto prefiro acre-
ditar que o meu destino permanece sendo lhe amar em silêncio, já bastante de -
sacreditado que um dia possamos nos reencontrar com o coração aberto.
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